A equipe do Clima e Mercado, da Aprosoja-MT, segue com a expedição que pretende rodar 8 mil quilômetros, passando por 30 municípios, com a intenção de mostrar a realidade da soja e o que está acontecendo no campo.
Na segunda etapa da viagem foram visitados os municípios de Campo Verde, Rondonópolis, Alto Garças, Pedra Preta e Itiquira. Em comum, um cenário desolador no campo, provocado pela estiagem e calor excessivo, como relata a equipe.
Nas primeiras áreas de plantio, logo depois da Chapada dos Guimarães, a área onde nesta época do ano deveria haver uma soja com 35 a 40 dias, já com linha fechada e completamente estabelecida, o que se viu foi uma lavoura plantada bem tardia, com uns 15 dias de germinação e solo extremamente seco. “E qualquer mexida, muito pó. Tem muita planta morta. Então, já no início o da expedição a gente percebe o impacto dessa estiagem”, diz Evandro Carmo Thiesen, gerente de relacionamento.
“Não se trata apenas de plantas que não vingaram. As consequências são muito sérias. A rentabilidade da economia do Estado vai quebrar. Esse dinheiro vai deixar de circular no mercado. Vai faltar na farmácia, no dentista, na oficina, na padaria. É um grande prejuízo para o Estado e para o Brasil, que vai refletir diretamente na balança comercial”, alerta o gerente de relacionamento da Aprosoja.
Franklin Vaz, da equipe de defesa agrícola da entidade, destaca que essa é uma região que possui bom histórico de chuva e umidade boa, e que mesmo assim, sofre os efeitos severos. Fernando Ferri, coordenador da comissão de defesa agrícola, considera o ano adverso. “Muito diferente, com clima extremamente seco, onde que alguns bolsões de chuva têm acontecido. São microrregiões onde tem chovido melhor, mas a maior parte do estado está seca. Estamos com a soja já em R2, em floração plena. Algumas plantas estão com 25 cm quando já deveriam ter até 60 centímetros”.
O reflexo é percebido com a queda do potencial produtivo. A planta perde área de engalhamento, área de floração, as vagens ficam muito próximas ao chão, resultando em perdas na colheita. “Neste caso, nesta região, a lavoura foi plantada cedo, vai garantir janela de milho, mas com baixa produtividade de soja. Uma soja dessa talvez tenha capacidade de produção de 30 a 50 sacos, dependendo de como vai se comportar o clima”.
“O diagnóstico é assustador”, aponta a equipe. Na região sudeste do estado, as realidades são variadas. “Tem lavouras em boas condições, plantadas mais cedo, que conseguiram ter um arranque melhor e tem lavouras que não foram plantadas ainda, sem falar nas muitas áreas que vão necessitar de replante. Há casos também de que vão migrar direto para outra cultura, com milho ou algodão safra verão”, afirma Evandro.
“É um ano bem atípico, com índice pluviométrico muito abaixo do normal. Se perfurar 30 cm, a temperatura é de 33 graus. Em nossa propriedade, a média anterior foi 69 sacos, se esse ano se der 60 já está positivo. O lucro vai ficar bem abaixo, devido replantio e gastos que a gente teve”, comenta Alexandre Volpato Gasparello.
CENÁRIO CATASTRÓFICO – Em Pedra Preta, a expedição encontrou situação desoladora. “Soja com 35 dias e plantas mortas. Lavoura próxima a perda total. O cenário é catastrófico”, atesta Evandro durante a expedição.
Na Fazenda Guarita, em Rondonópolis, plantio atrasado e pouca chuva. “A primeira área tivemos que replantar. Falta 20% para finalizar o plantio e a safrinha já está afetada. Agora pensamos me em trabalhar mais mix de cobertura e palhada para esses próximos anos, na esperança de amenizar essas perdas com esse clima extremo. Além do atraso, outro problema vai ser a ferrugem, porque o plantio mais tardio fica mais exposto”, observa Everton Mann Appelt.