Dos mais de 11,80 milhões de hectares cultivados com soja na safra 2022/23, em Mato Grosso, cerca de 24% estão colhidos até o momento. Dados atualizados na última sexta-feira (3), pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mostram que o ritmo atual apresenta atrasados em relação à temporada passada, bem como à média dos últimos cinco anos.
Como detalha o Imea, existe um atraso de 22,61 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ritmo registrado em igual momento do ano passado. Em 2022, por exemplo, quase 50% da área estavam colhidos nesse início de mês. Já em relação à média dos últimos cinco anos o ritmo caiu ainda mais: 31,93 p.p.
Entre as regiões, a médio norte segue na dianteira com 29% da sua área colhida, seguida da oeste com 26%.
De acordo com os analistas do Imea, esse atraso – registrado desde o início dos trabalhos – continua sendo reflexo das condições climáticas observadas nas últimas semanas, que apresentaram grandes volumes de chuvas e longos períodos de nebulosidade na maioria das regiões mato-grossense. “Para se ter uma ideia, o sudeste registrou média de 87 mm entre os dias 22/01 ao dia 28/01, impactando diretamente no ritmo da colheita. Além disso, a combinação de chuvas e falta de luminosidade pode impactar na qualidade do grão e no aumento do percentual de soja avariado, o que já é uma preocupação para os produtores de Mato Grosso. Segundo o Tempo-Campo, para os próximos 30 dias são estimados precipitações de 200 a 300 mm em grande parte do Estado, com destaque para a região sudeste que podem chegar até 500 mm de chuva em alguns pontos.
MERCADO – O mercado da soja abriu a semana passada com boas altas, tendo ganhos de até 30 pontos nos principais vencimentos. Além do grão, as altas também aconteceram para os seus derivados, aumentando mais de 1,4%, tanto para o óleo quanto para o farelo. Já a terça feira (31) iniciou com quedas e houve uma correção ao longo do dia que finalizou sem variações, provavelmente devido à falta de informações no mercado para alavancar os preços tanto para cima ou para baixo. Ao longo da quarta-feira (01), o grão apresentou perdas significativas variando até 24 pontos, essa queda possivelmente se deu devido aos futuros do óleo de soja caírem mais de 3% após a divulgação dos Estados Unidos (EUA) de um estoque acima do esperado de petróleo, gasolina e diesel. Na quinta feira (02) o mercado voltou a operar em campos positivos, mas com altas tímidas e durante a sexta-feira (03) ainda não havia ocorrido variações significativas. Com isso, as cotações seguiram registrando pequenos ganhos, mas o traders seguem à espera das próximas notícias, conforme a analista da Tarken, Dalila Bié.
Ainda conforme a analista, as principais notícias que movimentaram o mercado da soja na semana passada continuaram sendo o clima na América do Sul, onde modelos climáticos apontam clima predominantemente seco para Argentina e grande parte do Sul do Brasil. Essas intempéries climáticas possivelmente têm dado suporte aos preços, unindo ao fato da pouca oferta ainda no Brasil e nos Estados Unidos (USA). À medida que o movimento de colheita no Brasil avançar e a oferta de soja no mercado subir, os preços devem ceder, podendo pressionar as cotações.
“Outro fator importante para estar atento é a demanda chinesa pós-feriado do Ano Novo Lunar, já que o retorno deste feriado se inicia com perspectivas melhores, uma vez que a nação asiática voltou a cogitar sobre a reabertura de sua economia. Além de não ter mais a política de ‘zero-Covid’ no País”.
FERRUGEM X CUSTO SAFRA 2022/23 – O mês de janeiro já é marcado pelo aparecimento de ferrugem asiática em alguns pontos do Brasil, entretanto essa safra vem apresentando rápidos aumentos de casos da doença. Já foram realizados aproximadamente 160 relatos da doença em nove estados brasileiros, na maior parte dos casos em lavouras comerciais na fase de enchimento de grãos. Nessa mesma época, na safra passada, havia apenas 88 relatos, entretanto, as condições climáticas eram diferentes.
Visto isso, lavouras mais atrasadas irão precisar de mais aplicações de fungicidas, já que há um elevado dano em lavouras no estádio vegetativo, floração e formação de vagens.
“Tudo isso faz com que os custos da safra 2022/23, que já era considerada mais cara que a anterior, aumentem em quase 10% devido à necessidade de mais pulverizações”.
RALLY DA SAFRA – O leste de Mato Grosso está recebendo o Rally da Safra. Técnicos avaliarão lavouras de soja nas regiões de Gaúcha do Norte, Querência, Confresa e Canarana até a sexta-feira, dia 10, encerrando os trabalhos de campo no dia seguinte, em Barra do Garças. Outras equipes já estiveram no médio norte e oeste do Estado percorrendo áreas de soja precoce, no início de janeiro, e de ciclo médio e tardio, na semana passada.
A expectativa da Agroconsult, organizadora do Rally, é confirmar o ótimo potencial produtivo do Estado, podendo superar o da safra passada de 61,2 sacas por hectare, caso as condições climáticas permitam a retirada da soja do campo dentro da normalidade. Segundo o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, este foi o melhor início de safra em Mato Grosso nos últimos anos.
“O Estado caminha para um ótimo resultado, mas é preciso retirar a soja do campo sem grandes perdas. Sabemos das dificuldades, pois trata-se do período de maior intensidade das chuvas, mas os produtores vão aproveitar todas as janelas favoráveis para entrar com as máquinas nas lavouras e avançar com a colheita e plantio da segunda safra”, diz Debastiani.