O intenso ritmo de abates de bovinos em janeiro reduziu significativamente a ociosidade frigorífica em Mato Grosso, destacam os analistas de pecuária do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Mais uma vez, impulsionados pela presença de fêmeas nas indústrias, os abates de bovinos registram recorde em Mato Grosso.
O ano abriu com um volume total de bovinos enviados às indústrias atingiu 615,13 mil cabeças, quantidade 19,40% maior em comparação com dezembro de 2023, segundo dados do Indea/MT. Essa foi a maior quantidade de gado abatido em um mês desde 2003. “O recorde foi sustentado pela maior presença de fêmeas nas indústrias, as quais tiveram participação de 50,15% sobre o total abatido em Mato Grosso. Cabe ressaltar que acréscimos mensais acima de 18% no volume de animais abatidos, no comparativo de janeiro ante a dezembro, foram vistos apenas seis vezes nos últimos 22 anos”, completam os analistas.
O aumento nos abates foi influenciado pela perda na qualidade das pastagens do estado, que fez com que os pecuaristas intensificassem o envio dos animais mais pesados para as indústrias no período analisado.
Ainda conforme o Imea, os abates diários (de segunda a sexta) atingiram a segunda maior média dos últimos 15 anos e ficaram em 27,61 mil cabeças/dias no último mês. Com isso, a utilização frigorífica real do estado está em um dos maiores patamares da história: em janeiro o indicador ficou na média de 105,32%, 22,88 pontos percentuais (p.p.) acima da média histórica. Vale destacar que o indicador poderia ter sido ainda maior, visto que seis novas plantas frigoríficas entraram em operação no estado, embora tenham menor capacidade de abate diário.
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MERCADO – A cotação da arroba do boi gordo em Mato Grosso permaneceu lateralizada na parcial de fevereiro, até o dia 16, enquanto em São Paulo o indicador registrou queda de 5,06% para o mesmo período. Dessa forma, ambos os preços, livres de Funrural, ficaram na média de R$ 204,77/@ e R$ 239,41/@ (Cepea), respectivamente, na parcial do mês. Em Mato Grosso, as negociações permaneceram estáveis, uma vez que, após o movimento de compras aquecidas em janeiro para abastecer os estoques, as transações entre as indústrias e pecuaristas mantiveram-se consistentes no decorrer da primeira quinzena de fevereiro. Já em São Paulo, os preços vêm sendo pressionados, com tendência baixista. “Sendo assim, o diferencial de base entre as praças mato-grossense e paulista, na parcial de fevereiro, ficou em -14,47%, encurtamento de 4,92 p.p. ante o mesmo período de janeiro.
EXPORTAÇÕES – Os embarques de carne bovina de Mato Grosso em janeiro mantiveram-se aquecidos, com 47,54 mil Toneladas Equivalente Carcaça enviadas para o mercado externo. Esse foi o 2º maior volume para um mês de janeiro da história, com redução de 0,41% ante o recorde de janeiro de 2023. Apesar de continuar na liderança das compras do estado, a China vem reduzindo o apetite, e o volume negociado em janeiro foi 27,25% menor que no mesmo período do último ano. “O recuo foi motivado, principalmente, pela recuperação no plantel suíno chinês, bem como pela desaceleração na economia do país. Por outro lado, Mato Grosso caminha para a redução na dependência chinesa, com o aumento na demanda por outros países. Assim, o volume de carne bovina embarcado para os Emirados Árabes Unidos em janeiro, por exemplo, foi 5,76 vezes maior que em janeiro 2023, de modo que o grupo passou a ser o 2º maior comprador da proteína do estado”.