Conforme as indicações do corpo técnico do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) confirmou, que o caso isolado de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) detectado no município de Marabá (PA) é atípico tipo H.
Em nota, a Pasta frisa que por se tratar de caso atípico, ou seja, ocorrido por causas naturais em um único animal de nove anos de idade e com todas as providências sanitárias adotadas prontamente, o Ministério da Agricultura e Pecuária está adotando imediatamente as providências, de acordo com os protocolos sanitários, para que as exportações da carne bovina brasileira sejam restabelecidas o mais breve possível.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comunicou imediatamente o resultado da amostra ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, imediatamente, iniciou a inserção das referidas informações no sistema para a comunicação oficial à OMSA e às autoridades chinesas.
“Assim que concluído o processo, será marcada uma reunião virtual com o governo chinês para tratar do desembargo da exportação da carne bovina ao País“, comentou Fávaro.
A China é atualmente o maior parceiro comercial de do Brasil, bem como de Mato Grosso e passou a ser um importante consumidor da carne bovina brasileira. Em 2022, por exemplo, a China sozinha foi responsável por mais de um terço de tudo que pauta mato-grossense movimentou.
Do ponto de vista sanitário, casos atípicos de BSE não representam qualquer tipo de risco à saúde pública. Sob o olhar econômico, também não deveriam representar, não fosse o acordo sanitário mal feito com a China em 2015 – e nunca renegociado – que obriga o Brasil a fazer o autoembargo. Deixar de vender para a China passa a ser um problema, em especial para os frigoríficos com operações restritas ao Brasil. No ano passado, os embarques somaram 2,15 milhões de toneladas, dos quais 1,23 milhão – 57% do total – foram para o mercado chinês.
Como já observado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em 2022, Mato Grosso atingiu patamares recordes nas exportações de carne bovina. De acordo com a Secex, o volume exportado foi de 556,82 mil toneladas em equivalente de carcaça (TEC), o que representa um acréscimo de 37,85% ante a 2021. Em receita, o incremento foi de R$ 983,44 milhões no mesmo comparativo.
Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e em Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.
REAÇÃO – Conforme já noticiado pelo MT Econômico, entre a confirmação do caso da vaca louca em meados de fevereiro até a comprovação de que se trata de um evento atípico, o mercado pecuário registrou efeito imediato sobre a arroba mato-grossense, recuo de cerca de 3,4%, já que carne bovina que tinha a China como destino, terá de ser redistribuída e com certeza será trazida para o consumo interno. Esse movimento em um mercado sem grandes demandas deve segurar as necessidades de compras dos frigoríficos, alongando as escalas de abates e travando ainda mais os novos negócios.
“No âmbito nacional, a carne bovina que seria destinada para a China deverá ser redistribuída para o mercado interno, o que pode impulsionar a pressão negativa dos preços sobre as cotações”, apontam os analistas do Imea.