Mato Grosso deve ofertar mais milho do que soja nessa safra, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A estimativa é que o recorde de área plantada resulte em uma oferta de 40 milhões de toneladas (t), volume inédito na história da agricultura local. A safra 2021/22 no Estado está sendo marcada por recordes de área plantada e produção para algodão, milho e soja.
Esses e outros dados constam do 8º Levantamento da Safra de Grãos 2021/22, divulgado ontem, pela Companhia. Ainda em relação ao milho, o período de estiagem é considerado, mas ainda não levou a cortes sobre as projeções ao cereal. Mato Grosso cultivou superfície histórica, passou de 5,82 milhões de hectares (ha) para 6,48 milhões ha – ganho anual de 11,20%, e deve contabilizar a oferta de 40 milhões t, 22% a mais que o saldo da safra anterior em 32,80 milhões t.
Para o milho brasileiro é esperada uma produção total 116,19 milhões t, elevação de 33,4% em comparação com a safra 2020/21. A janela mais alongada para plantio da segunda safra, somada às condições de mercado favoreceram o crescimento de área do cereal. “Durante as viagens de campo, os técnicos da Companhia identificaram áreas semeadas, inclusive, fora da janela ideal, o que demonstra que a rentabilidade esperada para cultura ainda é atrativa para os produtores”, ressalta o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.
Esse aumento, inclusive, reduziu o impacto negativo verificado pelas condições climáticas adversas em importantes regiões produtoras para a segunda safra do grão, como Goiás e parte de Mato Grosso. Mesmo com a estiagem registrada, a produtividade no estado goiano deve ser elevada em 31,7% em relação ao ciclo anterior. “A atual safra não irá atingir a produtividade potencial, mas ainda tende a ser uma boa produção principalmente pelas lavouras implantadas mais cedo. No entanto, ainda precisamos ter atenção com o desenvolvimento da cultura. A maior parte do milho semeado se encontra em estágios de desenvolvimento em que o clima é preponderante. Para Mato Grosso e Goiás há uma tendência de déficit hídrico. Já em Mato Grosso do Sul e no Paraná, a maior preocupação é com o risco de geadas”, pondera o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas, Sergio De Zen.
Leia também: Produção de milho safrinha deve ser novamente reduzida em Mato Grosso
CICLO 2021/22 – Com as três principais culturas em ascensão nessa safra – algodão, milho e soja – Mato Grosso se mantém como o maior produtor nacional de grãos e algodão e deve somar mais uma temporada recorde, com 84,18 milhões t, 15,2% a mais que o recorde anterior em 73,07 milhões t. O crescimento projetado para safra mato-grossense é mais que o dobro do avanço anual esperado para safra nacional, que deve expandir a oferta em 6,4%, chegando a 271,77 milhões t.
O melhor desempenho no Estado está previsto para o algodão, cuja produção aumenta em 22,8%, seguido pelo milho segunda safra com alta anual de 22% e pela soja – já com safra consolidada – com crescimento de 9,4%.
No algodão, a oferta deve chegar a 1,98 milhão t de pluma, o que se confirmado concretiza a projeção de aumento anual em 22,8%. Na safra passada foram colhidas 1,61 milhão t. A área cultivada cresceu 18,6%, atingindo a cobertura de 1,14 milhão ha.
A soja, cuja safra finalizou em abril, ofertou 39,96 milhões t, 9,4% a mais ante a oferta anterior em 36,52 milhões t, com a área semeada chegando a 10,90 milhões ha, ganho anual de 4,1%.
A atual estimativa para a produção de grãos no País projeta uma colheita de 271,8 milhões t para a safra 2021/22, volume que representa um aumento de 6,4% sobre o ciclo anterior. O resultado também apresenta um ligeiro ganho de 2,5 milhões de toneladas quando comparado com a estimativa publicada no mês anterior. Essa melhora na produção é explicada pela maior área plantada de milho segunda safra, além do melhor desenvolvimento no final do ciclo das lavouras, sobretudo de arroz, milho e soja, apontam os técnicos da Conab.
Leia mais: Conab aponta influência positiva do clima ao milho safrinha em MT e do PR