Um ano que ficará marcado pelas incertezas e por um menor crescimento econômico mundial. E em que novamente a atividade pecuária se destacou pela resiliência às adversidades, pela capacidade de superação dos produtores rurais para levar carne e leite de alta qualidade de forma competitiva, que paga as contas da porteira para dentro e que gera divisas ao país. É desse jeito que 2022 será lembrado. Apesar da retomada decorrente da flexibilização após a pandemia de Covid-19, o país foi desafiado por várias questões, como a alta na inflação que gerou impacto sobre o consumo de alimentos no país, de maneira geral, e de carne vermelha, em particular, passando pelas questões relacionadas à guerra entre Rússia e Ucrânia que dificultou o acesso da produção agropecuária a insumos, e chegando às volatilidades e incertezas comuns decorrentes da corrida eleitoral no país.
Um volume de 6,95 milhões de bovinos confinados, com Mato Grosso na liderança nacional. Esse foi o montante registrado pelo Censo de Confinamento DSM 2022, estruturado pelo Serviço de Inteligência de Mercado da DSM e que mostra um aumento de 4% sobre os 6,69 milhões mapeados pela equipe da DSM em 2021, o que mostra um ritmo frequente à medida que esse também é um número 4% superior aos 6,4 milhões identificados em 2020. O rebanho de animais confinados esse ano mostra também uma alta significativa de 46% frente ao primeiro levantamento, em 2015, que registrou 4,75 milhões de bovinos produzidos no sistema intensivo de produção.
“O confinamento é uma ferramenta estratégica e uma tendência que contribui para melhorar a produtividade do rebanho. Os pecuaristas brasileiros estão percebendo isso e se movimentando para adotar as altas tecnologias que temos disponíveis no mercado, ao mesmo tempo em que adequam as suas fazendas para receber essas soluções”, avalia Hugo Cunha, gerente técnico Latam de Confinamento da DSM.
O censo não detalhou os volumes de animais confinados de forma regional, mas 2022 fecha com o seguinte resultado: Mato Grosso na liderança, posição essa ocupada por muitos anos por Goiás. São Paulo ficou em segundo, seguido por Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
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REPERCUSSÃO – Para os especialistas, um ponto que ajudou a segurar o mercado foi o fato de as exportações de carnes bovinas baterem recordes, somando 190 mil toneladas em outubro, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex).
Os embarques da proteína para países como a China, que lidera o ranking de importadores, somado ao aumento da oferta e maior velocidade no ciclo de baixa de preços para todas as categorias animais, contribuíram para esse cenário apontando para o positivo. Na cadeia do leite, porém, a pecuária foi prejudicada pelo fenômeno La Niña, que provocou uma entressafra antecipada, com custos de produção elevados que desanimaram o produtor. Mesmo assim, a oferta tende a melhorar no final do segundo semestre, com recuperação da produção e maior importação de laticínios. “Mais uma vez, a pecuária de corte e de leite se mostrou essencial ao desenvolvimento do nosso país. Tivemos uma série de desafios ao longo desse ano, que foram tratados com muito cuidado pelos produtores, os verdadeiros protagonistas do nosso setor”, aponta Sergio Schuler, vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina.
Ao reforçar o protagonismo da atividade pecuária na economia brasileira, contudo, Schuler não deixa de mencionar os avanços dos produtores para a adoção de tecnologia no campo, de modo a impulsionar os resultados buscando produtividade, eficiência e rentabilidade e, consequentemente, preservando o capital alocado na produção rural. “Muitos produtores passaram a entender melhor a importância de usar tecnologias nas fazendas, incluindo suplementação adequada para os animais se tornarem mais produtivos e saudáveis durante todo seu ciclo”, reforça o executivo.