O custo elevado de produção e tributação preocupam produtores na nova safra de soja em Mato Grosso. Além do desequilíbrio na rentabilidade, o cenário de problemas climáticos e resposta do mercado financeiro deixa o setor apreensivo em relação ao cultivo da safra 2021/22.
Conforme divulgado pelo Mato Grosso Econômico, a área plantada de soja em Mato Grosso deve alcançar 10,84 milhões de hectares. Entretanto, a deficiência hídrica severa comprometeu o desempenho esperado nesta safra no campo, com perdas de mais de 50% na produção.
O baixo rendimento das plantações trouxe outra preocupação ao agricultor: a falta de grãos para cumprir as entregas dos 40 mil sacos de milho negociados antecipadamente nesta safra.
De acordo com o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcos Cintra, o excesso de carga tributária também pode ser um ponto de desequilíbrio entre o custo e a rentabilidade da próxima safra de soja.
“A tributação é um custo adicional que também pode chegar na agricultura e tirar competitividade da produção subitamente. O país está vivendo duas reformas tributárias importantes uma do imposto de renda, influenciada por um projeto que está sendo discutida no Senado, que trata sobre um novo imposto sobre consumo. Esse fato pode onerar muito a agricultura”, alerta o professor.
Para o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, esse será um ano de cautela para os produtores.
“A gente sabe que se o preço chega a recuar de uma hora para a outra, todo custo está baseado em uma rentabilidade e uma viabilidade com soja a preços altos e milho a preços altos. Então o produtor tem que ter cautela, pé no freio e deixar o mercado estabilizar, porque ele é cruel e pode voltar de uma maneira rápida deixando o produtor a ver navios. A gente precisa trabalhar firme, procurar se capitalizar, esse é o caminho ao longo prazo da nossa agricultura”, afirma Cadore.