Os preços dos principais insumos e commodities agropecuárias deverão registrar alta já nos primeiros dias de março, no Brasil, de acordo com especialistas. Devido ao recesso de Carnaval, a Bolsa brasileira não operou no começo desta semana e os reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia deverão atingir mais fortemente o mercado interno.
De acordo com Luiz Ernesto Emiliani, gestor de pool de compras e vendas da Nutripura, em Mato Grosso, petróleo, trigo, soja e milho já registram alta e a tendência é que a escalada de preço continue nos próximos dias. “O milho se aproxima da casa dos R$ 100 e boi gordo iniciou a semana em alta, fruto das incertezas do mercado. Apesar de índices variando de 1% a 5%, todo aumento de custo é significativo, sobretudo em um cenário de incertezas”, afirma Emiliani. Em Mato Grosso, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na semana passada, com poucos dias de início do conflito, por exemplo, a cotação da soja disponível chegou na última semana de fevereiro cotada a R$ 176,49, após abrir a semana a R$ 172,61. O milho passou a R$ 75,78 e a arroba do boi gordo, abriu a semana passada a R$ 296,79 e fechou com cotação média de R$ 297,69.
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Com relação aos fertilizantes, assim como os agricultores, os pecuaristas que fizeram as compras para adubar ou reformar os pastos estão preocupados com relação à entrega dos insumos. “Grande parte dos produtores já comprou os insumos para fazer a reforma de pastagens este ano, devido à ‘janela de reforma’ e às atenções se voltam agora para entrega destes produtos para o segundo semestre, visto que Rússia e Belarus são os principais fornecedores de adubos nitrogenados”, explica o representante da Nutripura.
Sobre como os produtores devem atuar, Emiliani explica que é hora de cautela e fazer contas para garantir o retorno dos investimentos. “A primeira orientação é sempre diminuir risco, comprar insumos quando possível e proteger com seguros ou outras ferramentas para garantir remuneração. Esperar o mercado nem sempre é a melhor opção e pode deixar o produtor de fora”.
Analisando a relação Brasil-Rússia, sob o aspecto das exportações de carne bovina brasileiras, o diretor de pesquisa da Nutripura, Lainer Leite, acredita que haverá impacto e que toda perda de mercado é importante. “No entanto, como o volume enviado à Rússia vinha caindo nos últimos anos, este efeito deverá ser menor. Em 2020, por exemplo, Mato Grosso exportou o equivalente a US$ 63,21 milhões, ou 17,6 mil toneladas. Já em 2021, este volume caiu para US$ 29,092 milhões, ou 6,7 mil toneladas, redução de 53%. “O volume enviado diretamente para Rússia diminuiu, mas uma guerra pode ter efeitos no mercado internacional como um todo”.