Logística, energia e a mão-de-obra são considerados os três grandes gargalos da indústria da região norte de Mato Grosso. Estes e outros dados foram apresentados pelo presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), Silvio Rangel, durante o Encontro da Indústria, em Sinop, no final da semana passada.
Com relação à logística, segundo dados fornecidos pela secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra-MT), 66% das rodovias da região não são pavimentadas e 87% das pontes locais ainda são de madeira. Já com relação à mão de obra, segundo a PNAD Contínua, a região possui a menor taxa de desocupação de todo o estado, com 2,8%, o que representa 16 mil pessoas. A energia ainda está entre as mais caras do país e possui infraestrutura ruim e antiga.
Apesar disso, Silvio destaca a expectativa que o setor vive em relação às melhorias em infraestrutura, a exemplo da duplicação e estadualização da BR-163 e também da Ferrovia de Mato Grosso. “Espero que a duplicação da BR-163, vire realidade. Outra esperança está em torno da primeira Ferrovia Estadual do Brasil, que está sendo feita pela Rumo. Então a gente consegue ver a melhoria da logística em nosso estado”, disse Silvio.
Ainda de acordo com o levantamento do Observatório da Indústria, 15% dos estabelecimentos industriais estão localizados na região norte, que congrega 20 municípios mato-grossenses. Essa porcentagem equivale a 2.414 indústrias das 15.581 existentes em todo o estado.
Destes mais de 2 mil estabelecimentos, 79% ou 1.900 são consideradas microempresas. Já a principal atividade econômica deles está relacionada a construção de edifícios e o principal município da região é Sinop, que reúne 1.171 estabelecimentos, ou seja, 49% dos mais de 2 mil.
O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad), Felipe Antoniolli, destacou que Sinop é um polo de industrialização importante para o estado. “O setor de base florestal contribuiu muito para o crescimento e desenvolvimento de toda a região e contribuirá muito mais ainda. Sinop e região está se tornando um polo de industrialização”, pontuou Felipe.
O presidente do Centro de Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Edinei Blasius, chamou à atenção para os números do setor de base florestal e o quanto eventos como o Encontro da Indústria são importantes para discutir demandas e avanços. “Nós temos mais de 5,2 milhões de hectares de áreas conservadas. Então, o setor de base florestal é um setor muito importante para o estado de Mato Grosso não só no quesito de conservação, mas também na geração de empregos. Foram mais de 12 mil empregos de carteira assinada. E essas agendas como o Encontro da Indústria é o momento do diálogo e da construção de boas ideias”.
DESAFIOS TRIBUTÁRIOS E TRABALHISTAS – O evento também contou com a realização do painel “Os Desafios Tributários e Trabalhistas”, ministrado pelos consultores jurídicos Victor Maizman, Eder Pires e o consultor tributário José Lombardi.
De acordo com a visão dos especialistas, apesar de se dizer que a reforma tributária diminuiria a carga tributária e simplificaria a legislação, não foi o que realmente vem ocorrendo no país. “Nós estamos vendo a Reforma Tributária com total desconfiança. Desconfiança no sentido de quem almeja que se tenha uma redução na cara tributária e uma simplificação da legislação. Vamos estar bem atentos para que possamos cobrar dos nossos parlamentares e também se discutir isso no Poder Judiciário”, disse Victor.
Quatro empresários da região norte do estado receberam o prêmio Destaque Empresarial, concedido a empresários que se empenharam para o desenvolvimento da região e de Mato Grosso.