O presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, apresentou o potencial e fluxograma da produção de milho. Só para se ter uma ideia, uma tonelada de milho gera 450 litros de etanol, 212 kg de DDG e 19 kg de óleo de milho.
Guilherme ainda destacou o crescimento da produção da safra de milho, que saltou de 72,98 milhões para 114 milhões de toneladas nos últimos 10 anos. E de acordo com o especialista, este é só o começo: a expectativa de produção da safra 2032/33 é de mais de 176 milhões de toneladas, demonstrando o pleno crescimento do setor.
Quando se fala de etanol, se pensa em energia limpa. O combustível vegetal emite até 85% menos gases de efeito estufa em comparação com a gasolina. Para o futuro, Nolasco prevê novos horizontes e inovações com a maior participação dos biocombustíveis, do SAF (combustível sustentável da aviação), etanol para navios e bioenergia com captura e armazenamento de carbono.
“O etanol de milho é um setor que antecipou este ciclo e tem que ser um exemplo a ser seguido para as outras cadeias de negócios. A próxima virada de página é a agroindustrialização sem dúvidas”, pontuou Nolasco.
O presidente do Conselho de Administração da Evermat, Tiago Nogueira, que contou um pouco da história da empresa e de como produtores rurais transformaram a empresa produtora de etanol que se originou de uma cooperativa.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA – Não tem como falar em agroindústria sustentável sem falar de transição energética, que seria a substituição das energias fósseis por fontes renováveis. Este foi o tema do segundo painel do dia na conferência.
De acordo com o diretor regional do Senai Rio Grande do Norte, Rodrigo Mello, o Brasil ocupa a 3ª posição no mundo em geração de energia renovável, com 83% de sua matriz energética sendo de fontes sustentáveis, como hidrelétrica, eólica, biomassa e biogás, além da energia solar.
Neste contexto, entra combustível sustentável de aviões, conhecido como SAF, que se utiliza de resíduos agroindustriais para sua produção. Rodrigo deu o exemplo do estado do Amapá, que está se utilizando de caroço de açaí, fruto muito consumido, para a geração do combustível.
Em Mato Grosso, a Amaggi tem tido sucesso na utilização do biodiesel B100, originário da soja, em sua frota terrestre, marítima e até mesmo de seu maquinário agrícola. Ricardo Tomczyk, relações Institucionais da Amaggi, contou como está sendo este processo de transição realizada na multinacional.
Os testes começaram com apenas dois caminhões e atualmente a empresa conta com uma frota de mais de 100 caminhões movidos ao B100, que segundo Tomczyk, reduzem em até 99% de CO². A empresa ainda conta com uma fazenda localizada no município de Diamantino 100% abastecida com o biodiesel. E o terceiro passo foi levar essa estratégia para a frota fluvial, que passou a operar também com B100.
“Este é um marco para a Amaggi que nos alegra e nos mostra que é possível promover grandes mudanças, basta apostar nas boas práticas”, disse Tomczyk.
Outro exemplo que foi apresentado foi da Uisa – antiga usina Itaramaty -, a maior biorrefinaria da região Centro-Oeste e a 5ª maior do país. De acordo com a representante da Uisa, Vitória de Oliveira Lopes, a empresa investiu na produção de biometano a partir da vinhaça da cana e obteve sucesso na empreitada.
“Temos uma grande oportunidade de tratar sobre energias renováveis, biocombustíveis como negócios e o grande lugar para tratar sobre isso é Mato Grosso. O Brasil é uma grande potência da transição energética e Mato Grosso tem grande participação nisso”, destacou o diretor regional do Senai Rio Grande do Norte, Rodrigo Mello.