O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em parceria com a Associação dos Produtores de Feijão, Trigo e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), lançou o estudo inédito “A importância da produção de feijão em Mato Grosso”. O trabalho traz informações do mercado de feijão, avaliando os impactos sociais e econômicos da cultura em Mato Grosso. O lançamento aconteceu durante o evento “Pulse Day”, em Brasília, no final da semana passada.
“O estudo é inédito. Até então nunca foi feito no país uma pesquisa desta magnitude sobre a cadeia do feijão. O documento traz dados dos impactos da cadeia nas áreas econômica e social, geração de emprego e renda em Mato Grosso, no Brasil e no mundo”, informa o superintendente do Imea, Cleiton Gauer.
Mato Grosso é o quarto maior produtor brasileiro de feijão, depois do Paraná, Minas Gerais e Goiás. Em uma área plantada de 156 mil hectares, o Estado cultiva variedades como carioca, caupi e preto. A leguminosa tem um ciclo curto, de 75 a 95 dias, sendo realizada em até três safras ao ano. A terceira safra, entre os meses de maio a julho, é feita em área irrigada.
O ciclo curto do feijão permite que o produtor tenha mais opções do período do cultivo, aproveitando os pivôs usados em outras culturas e, consequentemente, consegue aumentar a rentabilidade.
“Com este estudo conseguimos mostrar para o segmento o quão importante é a cadeia do feijão enquanto atividade econômica do meio rural, tanto para Mato Grosso como para todo o Brasil. Mostramos a necessidade de investimentos, visto que o setor não tem e faltam incentivos diretos por parte do governo para continuar a produção desta cultura que vai parar diretamente na mesa do consumidor. O Brasil é um grande consumidor de feijão. A leguminosa faz parte da cultura dos brasileiros”, pontua o diretor executivo da Aprofir, Afrânio Cesar Migliari.
DADOS – O Valor Bruto da Produção (VBP) de feijões em Mato Grosso alcançou na safra 2020/2021 a faixa de R$ 1 bilhão. O setor é responsável pela geração de mais de 2.371 empregos diretos, com salário médio de R$ 2.735,41, contribuindo para a formação R$ 84,31 milhões de renda anual para a economia local. Além disso, a cadeia arrecada R$ 34,36 milhões para o Estado.
Segundo a coordenadora de Desenvolvimento Regional do Imea e responsável pelo estudo, Vanessa Marina Gasch Harris, de modo geral, estes indicadores contribuem para melhores índices de desenvolvimento social e econômico nos principais municípios produtores.
“Verificamos que Mato Grosso pode fechar a temporada 2020/21 como maior exportador da leguminosa, respondendo por 63% dos embarques nacionais totais do produto rumo ao exterior”, estima a coordenadora.
A expectativa é que o consumo mundial de pulses amplie em 21,2% até 2030, alcançando 111 milhões de toneladas. Atualmente, a exportação absorve 54% da produção mato-grossense, estimada pelo IBGE em 232,77 mil toneladas no ciclo 2020/2021. O consumo interno utiliza 19% do feijão cultivado em Mato Grosso, sendo que 27% são comercializados para outros estados brasileiros.
IRRIGAÇÃO – Segundo o Atlas da Irrigação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), estima-se que Mato Grosso é o estado com maior percentual de área adicional irrigável, o que pode contribuir para a expansão do cultivo de terceira safra no estado.
Apesar do potencial produtivo, ainda existem alguns gargalos que precisam ser superados como o acesso à energia elétrica em algumas regiões do estado para possibilitar o avanço da irrigação.
“A cultura do feijão tem grandes desafios para se desenvolver no futuro. Ela vem crescendo nos últimos anos, chegou a perder um pouco de espaço nas últimas safras, mas tem uma relevância muito grande para as áreas irrigáveis. Os desafios que observamos dentro da porteira são o aumento de produtividade e de competitividade com outras culturas para que realmente o produtor fomente as áreas cultivadas de feijão nas propriedades. Fora da porteira ainda temos o gargalo logístico, mercado consumidor e saber quais são as tendências deste mercado”, explicou Cleiton Gauer.