O governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), confirmou na tarde de ontem que investiga a ocorrência de um caso atípico do “mal da vaca louca” (bovine spongiform encephalopathy, encefalopatia espongiforme bovina), em um animal no estado do Pará.
Conforme a nota do Ministério, “suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis”. Esse resultado oficial seria a contraprova de laudos de exames já positivados feitos no Brasil. Pelo ministério, a contraprova será enviada para um laboratório no Canadá. Se houver a confirmação canadense, as exportações de carne bovina para a China devem ser suspensas.
A existência de um protocolo sanitário assinado entre os dois países em junho de 2015 obriga o Brasil a comunicar o caso a Pequim e promover um autoembargo nos embarques, com a suspensão imediata das exportações. O embargo é temporário, mas o tempo de duração é indeterminado.
A China é atualmente o maior parceiro comercial de do Brasil, bem como de Mato Grosso e passou a ser um importante consumidor da carne bovina brasileira. Em 2022, por exemplo, a China sozinha foi responsável por mais de um terço de tudo que pauta mato-grossense movimentou.
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A última vez que um caso foi confirmado no Brasil foi em 2021.
Do ponto de vista sanitário, casos atípicos de BSE não representam qualquer tipo de risco à saúde pública. Sob o olhar econômico, também não deveriam representar, não fosse o acordo sanitário mal feito com a China em 2015 – e nunca renegociado – que obriga o Brasil a fazer o autoembargo. Deixar de vender para a China passa a ser um problema, em especial para os frigoríficos com operações restritas ao Brasil. No ano passado, os embarques somaram 2,15 milhões de toneladas, dos quais 1,23 milhão – 57% do total – foram para o mercado chinês.
Como já observado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em 2022, Mato Grosso atingiu patamares recordes nas exportações de carne bovina. De acordo com a Secex, o volume exportado foi de 556,82 mil toneladas em equivalente de carcaça (TEC), o que representa um acréscimo de 37,85% ante a 2021. Em receita, o incremento foi de R$ 983,44 milhões no mesmo comparativo.