O estado de Mato Grosso lançou nesta quinta (27.10) no auditório do Senar MT em Cuiabá, o Agrihub, uma rede de inovação em agricultura e pecuária que visa conectar o ecossistema do agronegócio, incluindo produtores rurais, institutos de pesquisa, universidades, comunidades empreendedoras, empresas privadas, startups, mentores, investidores e instituições representativas. O principal objetivo da plataforma, que está alinhada à era da Agrointeligência, é trazer melhorias tecnológicas ao campo para aumentar a produtividade de alimentos de um modo geral, em todas as culturas produtivas, reduzindo custos e estimulando a troca de experiências entre os agentes do agronegócio.
A iniciativa do projeto é da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Instituto Mato-grossense de Economia e Agropecuária (Imea) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT). Estiveram presentes no evento de lançamento profissionais e dirigentes das entidades do agronegócio, startups, empreendedores, investidores, aceleradoras, fundos de investimento, produtores rurais e formadores de opinião.
O superintendente do Imea, Daniel Latorraca, principal instituto de estudo e pesquisa do agronegócio de Mato Grosso, é um dos agentes de idealização e implementação do projeto. Recentemente Daniel visitou estados do Brasil e outros países para analisar projetos semelhantes. Ele disse que o Agrihub será trabalhado em três frentes:
A primeira tem a finalidade de formar uma Rede de Produtores para testar a tecnologia e utilidade do sistema na resolução dos problemas do campo. A segunda é a frente da Ideação, relacionada ao aperfeiçoamento das ideias dos empreendedores e startups que estão colaborando com a rede do agronegócio. O intuito é fazer com que eles enxerguem melhor as necessidades existentes e o perfil do produtor. A terceira frente, é da Conexão, que visa aproximar os produtores das tecnologias e soluções propostas pela rede, a fim de que os problemas sejam resolvidos com mais rapidez e efetividade por meio da plataforma.
“O grande diferencial do Agrihub é o foco no produtor rural. Queremos ajuda-lo a resolver seus problemas no campo e melhorar sua produtividade. Porém, como se trata de inovação, temos que trabalhar a cultura da mudança nos produtores para os diversos desafios do agronegócio e uso da ferramenta para melhoria geral na produtividade de alimentos. Mato Grosso é um grande exportador mundial de grãos, carne, algodão e outros produtos, mas temos que melhorar cada vez mais e se modernizar”, disse Daniel em entrevista ao Mato Grosso Econômico.
O produtor rural e presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, falou durante a apresentação do Agrihub e elogiou a iniciativa. Ele espera que isso seja uma forma de contribuição ao setor. “Nós não temos tempo de correr atrás de tecnologia e inovação, pois o tempo todo estamos apagando incêndios, observando mudanças nas leis, pragas no campo, adversidades do clima e outros desafios diários para manter a produção ativa e rentável. O Agrihub vai ajudar a gente a melhorar nossas atividades no campo”, ressaltou o produtor rural.
Desafio do Agronegócio até 2050
O lançamento do Agrihub é bastante oportuno. No atual cenário, o Brasil precisa se modernizar para conseguir melhorar a produtividade e atender a demanda de alimentos das pessoas. Hoje o país é um grande exportador, respondendo por 7% da produção mundial de alimentos. Até 2050, a previsão é que aumente para 18% essa participação no mercado e o aumento populacional esperado de 30% até a data citada, totalizando cerca de 9 bilhões de pessoas, traz um desafio aos agentes do agronegócio em relação a oferta e demanda.
Para suportar a demanda futura existem basicamente dois caminhos. Aumentar a área plantada ou a produtividade. Em relação à área plantada, existem as limitações territoriais, pois para atender a demanda até 2050, seria necessário o Brasil produzir 965 milhões de toneladas, quase o dobro do que a China produz hoje. A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu, disse recentemente na imprensa, que o país tem condições de produzir até 2050, apenas 400 milhões de toneladas, caso cumpra as metas da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).
Portanto, para atender a demanda de crescimento, o Brasil teria que crescer em um ritmo extremamente acelerado e precisaria de 210 milhões de hectares. Hoje o Brasil produz em cerca de 55 milhões de hectares e se utilizar algumas técnicas como pastagens e irrigação chegaria a 70 milhões de hectares. Analisando estes números a conta não fecha, segundo o superintendente do Senar MT, Otávio Celidonio que explicou o cenário atual e futuro do agronegócio brasileiro durante o evento.
Sendo assim, torna-se necessário, o aumento da produtividade e o Agrihub tem uma grande contribuição para que isso aconteça. “O Brasil ainda precisa melhorar muito e produzir mais utilizando menos área. Para se ter uma ideia, o país não produz nem 200 milhões de toneladas, enquanto a China e os Estados Unidos já produzem mais de 500 milhões, a Índia mais de 200 e a União Européia mais de 300 milhões de toneladas”, refletiu Otávio.
Os agentes do agronegócio devem ficar atentos, pois Mato Grosso será palco de inovação e negócios em 2017, com um programa específico para fomentar investimentos, startups e boas ideias para melhorar a agricultura e pecuária.
O Mato Grosso Econômico parabeniza os idealizadores do projeto e vai continuar acompanhando os desdobramentos desta importante inovação para o agronegócio e principalmente para o futuro da população.