O agronegócio de Mato Grosso, o maior produtor de grãos do Brasil, enfrenta dois gargalos: a logística e o armazenamento de grãos. Este último problema foi amplamente debatido na última semana durante a 2° Feira de Negócios Armazena MT, evento promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) realizado no Cenarium Rural em Cuiabá.
A produção do estado representa cerca de 9% da soja e 3% de todo volume de milho que é produzido e comercializado no mundo. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Mato Grosso tem capacidade estática para cobrir apenas 57,8% de todo volume de grãos produzidos. O levantamento é baseado na metodologia da FAO, que considera uma capacidade estática ideal de 20% superior ao volume total produzido. A capacidade de armazenamento atual mato-grossense estaria absorvendo apenas 51,5% do total de grãos produzidos, o que significa um déficit de armazenamento de 35,3 milhões de toneladas. Quase metade do déficit de armazenagem do Brasil está em Mato Grosso.
Atualmente, o estado consegue armazenar algo em torno de 37 milhões de toneladas. Seguindo a tendência de crescimento da produção, em 2028 o estado demandará uma capacidade de armazenagem para 123,4 milhões de toneladas.
Diante deste quadro, a Aprosoja atua no sentido de orientar os produtores rurais para que eles não sofram as consequências do problema. No caso da Feira de Negócios Armazena MT, o objetivo é incentivar a construção de unidades de armazenagem dentro da propriedade rural.
"São inúmeros os beneficios de se ter um armazém na propriedade. O produtor sai da dependência das tradings, ganha tempo para secagem dos grãos e economiza com o transporte da produção, já que neste caso são as tradings que arcam com os custos de buscar a produção na propriedade. O produtor só tem a ganhar tendo uma capacidade de armazenamento própria", explica o superintendente do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuaria), Daniel Latorraca.
Entre os benefícios apontados estão a minimização das perdas quantitativas e qualitativas dos grãos; menores gastos com transporte, maior agilidade na colheita e possibilidade de escalonamento de comercialização, o que representa uma melhora significativa na competividade do agricultor.
A feira reuniu produtores, empresas que atuam no setor, bancos financiadores e governo – a construção de armazéns exige licença ambiental – em um mesmo local e momento, facilitando os negócios. “O principal objetivo é desburocratizar o acesso ao crédito e auxiliar em possíveis dificuldades técnicas que nossos associados venham a ter”, completa Daniel.
Durante a feira, também foram apresentadas linhas de créditos para construção de armazéns que sejam mais atrativas; a difusão de soluções alternativas de armazenagem e a implementação gradativa da cultura de condomínios, que são voltados principalmente aos pequenos produtores sem viabilidade econômica para construírem seus próprios armazéns.