O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, disse que o governo Federal trabalha para apresentar um Plano Safra 2022/23 robusto, com recursos para apoiar a produção agropecuária do País a partir do segundo semestre deste ano.
Nessa semana, entidades que representam o agronegócio mato-grossense estiveram em Brasília apresentando demandas do Estado, que é o maior produtor agropecuário do Brasil. A Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MT) reforçaram pedidos em relação à politica de juros dos financiamentos com recursos controlados, estratégias para amenizar os efeitos das altas sobre os custos de produção, leia-se, fertilizantes, e ampliação dos tetos por CPF.
Conforme seus representantes são propostas que atendem melhor os produtores rurais de Mato Grosso para compor Plano Agrícola e Pecuário (PAP) da safra 2022/23.
Entre as demandas oficializadas pela Famato estão: aumento do limite de recursos do Custeio Agrícola por CPF, ampliação do volume de recursos de crédito rural, tanto de custeio quanto de investimento, priorizar a disponibilização de recursos nos programas de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), Inovagro, Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e Moderfrota.
Além disso, foi solicitada a garantia de recursos para subvenção na forma de equalização de taxas de juros, viabilizando taxas compatíveis para as linhas de custeio, investimento, inclusive do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para a agropecuária empresarial.
A Famato anexou ao ofício os estudos elaborados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) para embasar as demandas do setor. “O PAP desse ano está sendo analisado de uma forma bem criteriosa, com muito estudo. Estamos levando informações ao governo Federal e ao Banco Central para que sejamos atendidos e o próximo plantio não seja prejudicado com a falta dos recursos controlados, as altas taxas de juros e o limite por CPF inadequados para a realidade dos produtores de Mato Grosso”, disse o presidente da Famato, Normando Corral.
No último PAP foi disponibilizado um aporte de R$ 13 bilhões para a equalização de juros, com taxas variando entre 3% e 8,5%. O setor espera que haja aumento de recursos e manutenção das taxas de juros.
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Já a Aprosoja/MT, por meio de seu presidente, Fernando Cadore, levou questões internas e externas que impactam no custo de produção e que vêm refletindo em um reajuste generalizado em toda a cadeia produtiva. “É importante entender que a conta não é apenas do produtor rural e que quem acaba pagando é a população, na prateleira do supermercado”, destacou Cadore.
Em relação ao Plano Safra 2022/23, ele destacou o alto custo dos insumos agrícolas e, principalmente, os desafios da produção de grãos em Mato Grosso, que carece de estrutura da “porteira para fora” para se manter competitivo, demandando de logística adequada para escoamento da produção. Além disso, ele citou o impacto na quebra da safra de milho, com uma perda estimada em 4 milhões de toneladas (t) por conta da estiagem prolongada.
PARA O CAMPO – “Esse Plano Safra 2022/23 não é só nosso, mas mundial, por isso precisamos de um plano mais robusto para o Brasil poder exercer suas funções mais fortemente ainda. O Brasil já é um grande produtor e terá que produzir mais. Temos a responsabilidade de alimentar o mundo”, disse o ministro.
O ministro reforçou que a política deverá ofertar melhores condições de crédito à agricultura familiar, pequenos e médios produtores, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
“Para o grande produtor, estamos fazendo instrumentos de financiamento privados importantes, que dá a ele condições de buscar mais alternativas. Já o pequeno e o médio têm o respaldo do nosso governo”, afirmou.
Conforme o ministro, se o plano permanecer com o montante de recursos destinado à safra passada, pode chegar a R$ 330 bilhões em crédito e R$ 22 bilhões a R$ 23 bilhões de recursos do Tesouro Nacional para equalização de juros em 2022/23.
O Plano Safra 2022/23 está sendo elaborado em conjunto com o Ministério da Economia, representantes do setor e parlamentares.
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