Os produtores rurais de Mato Grosso estão liberados para cultivar a nova safra de soja, o ciclo 2023/24. Na última sexta-feira, dia 15, terminou o período proibitivo do Vazio Sanitário, intervalo de 90 dias onde o plantio fica suspenso, como forma de assegurar melhores condições sanitárias para a nova temporada.
Mesmo antes dos primeiro hectares plantados, o segmento já afirmava que produção deve ser menor que nas anteriores. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima inicialmente que a safra 2023/24 deve ser de 44,78 milhões de toneladas contra 45,31 milhões na safra 2022/23.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Fernando Cadore, ressalta que os produtores precisam observar o ‘insumo’ mais importante desta safra: a viabilidade. Isso porque a safra 2022/23 foi plantada com custos altos de fertilizantes e corretivos, sementes e defensivos. Por outro lado, o preço da saca caiu de R$ 162 para R$ 118 de setembro de 2022 a setembro de 2023, um recuo de pouco mais de 27%.
“Isso provoca cautela em nós, produtores, que muitas vezes temos antecedentes de redução de investimento, alguns casos onde é possível otimizar os recursos que estão no solo, onde já se tem uma fertilidade construída. A orientação que a gente tem deixado para os nossos produtores é para viabilidade. O principal insumo é a viabilidade”, reforça Cadore.
CUSTO DE PRODUÇÃO – De acordo com o Imea, o custo de produção de um hectare de soja na safra 2021/22 foi de R$ 5,19 mil, sendo que fertilizantes e corretivos correspondiam a R$ 1,14 mil. Já os defensivos correspondiam a R$ 1,08 mil, acompanhado do custo de oportunidade (de renúncia em poder fazer outra atividade), com R$ 830.
Já na safra 2022/23 o custo de saltou para R$ 7,62 mil por hectare, aumento de quase 47%. Na temporada 2022/23, o custo de fertilizantes e corretivos saltou para R$ 2,42 mil, acompanhado dos defensivos, que saltou para R$ 1,37 mil. Já o custo de oportunidade era de R$ 1,06 mil.
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Para a safra 2023/24 os custos apresentaram recuo de pouco mais de 2% em relação à safra 2022/23, saindo de R$ 7,62 mil para R$ 7,45 mil. Porém, em relação à safra 2021/22, o custo de produção desta safra continua 43% mais caro, com os fertilizantes e corretivos respondendo por R$ 1,86 mil, defensivos, R$ 1,36 mil, e custo de oportunidade, R$ 1,17 mil.
NO CAMPO – A gerente da Comissão de Defesa Agrícola da Aprosoja/MT, Jerusa Rech, destaca que o produtor precisa estar atento às datas para o plantio, que nesse ano foi reduzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O período para plantio inicia no dia 16 de setembro e vai até o dia 24 de dezembro.
Em razão disso, alerta Jerusa, ao produtor que queira produzir a própria semente que ele precisa estar atento aos prazos. “O produtor deve aguardar as chuvas em volume suficiente e iniciar o plantio, o que é de praxe. Já cumprimos o período de Vazio Sanitário, que é fundamental para manutenção da cultura e reduzir a fonte de inóculos, principalmente da ferrugem asiática, mas de outras doenças também”, enfatiza Jerusa Rech.