A safra brasileira de grãos segue a passos largos para mais uma colheita recorde. Segundo o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a temporada 2022/23 está estimada em 310,6 milhões de toneladas, um incremento de 38,2 mi/t em relação ao período anterior. O principal grão cultivado, a soja, deve atingir uma produção de aproximadamente 152,9 mi/t. Entretanto, ao mesmo tempo que estes números impressionam, também causam apreensão e frio na espinha em muitos produtores, com o retorno de um velho pesadelo: a falta de estocagem da colheita. Um problema gerado pelo descompasso entre produção e armazenagem.
Embora o Brasil passe a despontar entre os maiores produtores de grãos do mundo, o país, no entanto, ainda apresenta um sistema de armazenamento insuficiente, com uma capacidade estática capaz de estocar cerca de 60% de uma única safra. Devido ao déficit de capacidade estática o produtor se vê obrigado a vender o produto a preços mais baixos, sem força de competição, diminuindo assim a sua lucratividade na safra.
Além disso, o escoamento dos grãos para os portos fica ainda mais difícil, pois as filas de caminhões aumentam e os cereais ficam armazenados em suas carrocerias por vários dias, enfrentando alterações de temperatura, o que leva à deterioração e perda de qualidade física e química, parâmetro indispensável na comercialização.
Segundo Rosemeire Branco, gestora da área de silo-bolsa, o custo-benefício é muito maior, pois o produtor pode obter alta capacidade de armazenamento com menor valor de investimento e com um sistema muito flexível em sua alocação, pois permite que separar sua produção por datas de colheita e produtos.
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Uma das principais vantagens da utilização de silos-bolsas é sua mobilidade, afinal, o produtor pode instalar a solução em qualquer lugar da fazenda. Em Mato Grosso, por exemplo, muitos deles não cultivam em uma só propriedade e podem se deslocar e escolher onde vão querer fazer o armazenamento. Já com o tradicional silo metálico, além do alto investimento, uma vez que tenha escolhido o lugar, se por algum motivo, no decorrer dos anos, ele crescer a produção em outra unidade, fica complicado fazer essa logística de transportar o grão para onde foi instalada a estrutura.
Conforme o 5º Levantamento da Safra de Grãos 2022/23, divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra mato-grossense de grãos e fibra deve ultrapassar a oferta de 92,33 milhões de toneladas (t).
Mais do que um novo recorde à série histórica local, a projeção atual ficou maior que as 90,89 milhões t apontadas no levantamento anterior e é 6,8% superior ao registrado na safra passada, quando Mato Grosso confirmou o então recorde de 86,48 milhões t. O ganho mensal reflete bom momento das culturas do algodão, com projeção de incremento de mais de 21% na oferta da fibra, e do milho, que deve somar mais grãos que soja, neste ano.
Como detalha a Conab, se os números à safra mato-grossense se confirmarem, Mato Grosso estará respondendo por 29,78% da oferta nacional. Por mais um ciclo, será o maior produtor do Brasil.