O plantio da nova safra de soja em Mato Grosso, o ciclo 2022/23, começou a ser realizado há pouco mais de um mês e já há relatos de replantio em área pontuais do oeste e do médio norte, justamente as regiões que ofertam o grão no Estado. A falta de grandes volumes de chuvas, e ou, da continuidade das precipitações, levou à ressemeadura, uma ação que envolve novas estratégias, despesas que não estavam orçadas, que altera o calendário do produtor e que ainda pode gerar uma produtividade aquém do que esperado.
Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), existem relatos de necessidade de ressemeaduras pontuais em alguns municípios do Estado, principalmente nas regiões oeste e médio-norte. “Esse cenário foi reflexo da falta da continuidade das precipitações logo após a semeadura, o que atrapalhou no desenvolvimento inicial das lavouras”, explicam os analistas.
Ainda como observam, as chuvas devem ser contínuas no Estado daqui para frente, como mostra histórico. “Segundo as precipitações estimadas pelo NOAA, para os próximos 15 dias, boa parte do Estado deve receber chuvas de 25 mm a 35 mm. Para a próxima semana a atenção se volta para as regiões que apresentam atraso na semeadura, principalmente a nordeste que possui somente 19,68% das áreas finalizadas e as chuvas ainda estão espaçadas”, alertam os analistas.
Dos 11,81 milhões de hectares que devem ser cultivados nesta safra, 41,35% estavam cobertos até o último dia 14, o que rendeu um avanço semanal de 22,73 pontos percentuais (p.p.), o maior dessa temporada. Mesmo sob replantio, as regiões mais avançadas são a oeste e a médio norte, 54,96% e 50,35%, respectivamente. Na outra ponta, nordeste e norte se mostram as mais atrasadas, com o plantio ocupando 19,68% e 25,87% das áreas reservadas à soja, respectivamente.
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Mesmo registrando o maior avanço semanal desde o início do plantio, há um mês, o ritmo de semeadura segue um pouco aquém do que se registrava em igual momento do ano passado. Segundo o Imea, até a última sexta-feira, 41,31% dos hectares estimados estavam cobertos com soja, em Mato Grosso, ligeiro atraso ante os 45,06% observados em igual intervalo de 2021. Ainda assim, o ritmo atual supera, e muito, a média dos últimos cinco anos em cerca de 25% da superfície plantada o período analisado.
Conforme dados do Imea, Mato Grosso deve cultivar nesta nova safra cerca de 11,81 milhões de hectares com soja, projeção que se confirmada, dará novo recorde ao Estado. O número representa um incremento de 2,92% em relação ao ciclo anterior, de 11,47 milhões de hectares. As perspectivas apontam uma produção de 41,51 milhões de toneladas, o que representa alta de 1,62% ante as 40,85 milhões de toneladas colhidas no último período.
OFERTA E DEMANDA – O Imea divulgou a terceira estimativa de 2022 para a oferta e demanda da soja em Mato Grosso. Para a safra 2021/22, a atualização veio no consumo do Estado, que reduziu 2,14% nesta estimativa, com previsão de 10,77 milhões t, pautado pela queda da margem bruta de esmagamento estadual, o que desmotivou as indústrias. Além disso, com a comercialização da soja atrasada e atingindo as mínimas históricas, o estoque final exibiu aumento de 8,91% no comparativo com o relatório passado, ficando previsto em 1,07 milhão t. Já sobre a safra 2022/23, a oferta de soja no Estado foi ampliada em 0,83% ante a previsão passada, ficando projetada em 42,85 milhões de t, devido maior produção aguardada.
“Em relação à demanda, espera-se que as exportações aumentem 2,99% comparadas às da safra 2021/22, enviando ao exterior 25,89 milhões t, pautadas pela expectativa de alta no consumo mundial. Com a venda da safra atrasada, o estoque final apresentou alta de 47,42% ante o relatório passado, projetado em 0,76 milhão t”, explicam os analistas do Imea.
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