Na semana passada a soja teve muita variação. Além das movimentações muito expressivas na Bolsa de Chicago nestes últimos dias, o dólar assumiu o papel principal e trouxe boas oportunidades para os produtores brasileiros.
O dólar acumulou um ganho de 4,99% e encerrou com cotado a R$ 3,3923 na venda. Somente nos últimos três pregões, o ganho acumulado é de 7,1%.
Nos terminais de exportação, as referências, mais uma vez, as referências para a saca de soja alcançaram seus melhores momentos em meses e atraíram os vendedores. Nos negócios para a safra nova, os preços alcançaram algo entre R$ 84,00 e R$ 85,00, chamaram a atenção e criaram oportunidades.
No disponível, o melhor momento no porto de Paranaguá, nesta sexta-feira foi quando o valor da oleaginosa chegou a bater nos R$ 82,00 por saca. Em Rio Grande, o último preço foi R$ 79,00. Na semana, segundo um levantamento do economista André Bitencourt Lopes, do Notícias Agrícolas, os preços da soja nos portos – nos mercados futuro e disponível – subiram entre 1,06% e 4,46%.
No interior do Brasil os negócios também fluíram melhor, principalmente no estados da região Centro-Oeste ainda como relata Ênio Fernades, consultor do Terra Negócios. "No interior de Goiás saíram negócios, em Sorriso, no Mato Grosso. Os produtores aproveitaram os bons momentos e foram às vendas, fechando algumas posições. Em Goiás, por exemplo, os preços ficaram entre R$ 73,00 e R$ 74,00 por saca", diz, referindo-se aos negócios com a safra nova.
Fernandes explica, portanto, que serão os rallies do dólar, além, é claro das movimentações em Chicago, que irão dar andamento ao mercado da soja no Brasil. E se essa movimentação da moeda americana é uma tendência, ainda é cedo para dizer e assim, seu comportamento deverá continuar a ser acompanhado com muita atenção.
Afinal, há o novo fator no mercado financeiro da imprevisibilidade com a chegada de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos em uma eleição definida no início desta semana e mais as intervenções do Banco Central brasileiro diante dessas variações mais abruptas da divisa.
"Daqui para frente, não temos como evitar a utilização da palavra imprevisibilidade. Na hipótese do caos nas relações comerciais dos EUA com o mundo, a alta do câmbio seria anulada pela queda nos preços internacionais e do consumo. Não vejo muita vantagem em segurar as vendas. Na hipótese de que a confusão seja observada apenas no Brasil, com a cassação do mandato do presidente Temer (outro rumor muito forte desta semana), aí há espaço para novas altas no câmbio e vantagens em segurar o produto físico em seus armazéns. E na hipótese de que estejamos diante apenas de uma bolha especulativa do câmbio e dos preços lá fora, a questão central seria adivinhar quando aconteceria o estouro e a reversão", analisa o consultor de mercado Flávio França Junior, da França Junior Consultoria.