O primeiro trimestre de 2022 foi marcado pelo início da guerra entre Rússia e Ucrânia, que mexeu com o comércio internacional das commodities e dos fertilizantes e, consequentemente, impactou o Brasil e Mato Grosso, maior produtor de grãos e algodão do Brasil. Isso refletiu nos preços da soja e do milho e no custo de produção do produtor. As análises desses impactos para o setor na região foram tratadas no 1º relatório trimestral de 2022 da Aliança Agroeconômica divulgado ontem, em Cuiabá.
Nas exportações, o produto mais influenciado pelos conflitos foi o óleo de soja, que apresentou alta de 212,40% no escoamento no 1º trimestre de 2022 ante o mesmo período em 2021, totalizando 220,050 mil toneladas exportadas.
“No que tange as importações, os fertilizantes foram os mais adquiridos na região no mesmo período, totalizando 2,60 milhões de toneladas, o que corresponde a 59,09% do total importado no Centro-Oeste para o período”, informa a coordenadora de desenvolvimento regional do Imea, Vanessa Gasch.
Em relação aos preços de soja e milho no Centro-Oeste, até dezembro de 2021, os valores estavam sem muitas oscilações. Em Mato Grosso, as cotações das duas culturas chegaram a apresentar queda no último mês do ano passado, comparado a novembro do mesmo ano, de 1,3% e 4,7%, respectivamente, reflexo da queda na bolsa de Chicago. Já em janeiro de 2022, tanto a soja quanto o milho registraram valorização em todos os estados do Centro-Oeste, com destaque para a soja mato-grossense que subiu 9,8% e o milho sul-mato-grossense que valorizou 13,0% ante dezembro de 2021.
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Outro ponto abordado no relatório foi a alta dos combustíveis. Com a disparada dos preços do petróleo e seus derivados ao redor do mundo, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a instabilidade do mercado foi sentida pelo produtor rural na alta do preço cobrado pelo litro do óleo diesel. Em 2022, as altas indicadas pela Petrobrás já sinalizavam uma valorização do diesel em 32,9%, apenas nos três primeiros meses do ano, somados a um cenário de alta acumulada em 2021, de 53,03% nos preços.
Além das análises, o relatório traz dados produtivos das culturas de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar, informações sobre a produção de carne bovina e abate na região Centro-Oeste e no Brasil, e os preços dos principais produtos agropecuários e do frete. Na publicação, consta ainda o balanço das exportações do complexo soja, milho, algodão e carne bovina no primeiro trimestre de 2022.
Os dados da publicação foram validados pelos representantes do grupo que compõe a Aliança Agroeconômica: Thiago Rodrigues e Lucas Martins, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Jean Carlos e Eliamar de Oliveira, da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Alexandro Santos, do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), e Cleiton Gauer, Vanessa Gasch e Patrícia Melo, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A Aliança Agroeconômica foi formada em 2018, a partir de uma cooperação técnica entre a CNA, Imea, Famasul e Ifag. Tem o papel de analisar e produzir dados relacionados ao mercado agropecuário do Centro-Oeste.
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