A adubação nitrogenada para o algodão é de suma importância para alcançar altos tetos produtivos. Mas qual quantidade utilizar e como fazer essa suplementação? O primeiro ponto a ser levantado sobre o assunto, segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador de Solos e Sistemas de Produção da Fundação MT (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso), Felipe Bertol, é que o algodão pode ou não responder à adubação nitrogenada, tudo depende das condições de solo e clima em que estão inseridas.
“São muitos pontos que devem ser colocados na balança. Tecnicamente, deve-se observar o teor de matéria orgânica presente na área, condições de acidez, potencial produtivo do talhão e a expectativa de produtividade. Além disso, deve-se atentar para qual fonte de nitrogênio (N) utilizar e quais os benefícios que trará”, pontua.
O também engenheiro agrônomo e consultor da Ceres Consultoria Agronômica, Guilherme Ohl, reforça a importância de atenção ao ambiente. Ele vai além, destacando que a adubação tem que atender as necessidades das plantas e as condições edafoclimáticas em que elas estão inseridas. “Dependendo do tipo de solo, mais argiloso, por exemplo, recomenda-se adubar em poucas parcelas com o N. Enquanto aquele mais arenoso é preciso parcelar mais. Dependendo do volume de chuva, o nutriente pode perder quantidade tanto por erosão superficial, quanto por lixiviação no solo. Então, é preciso tentar entender todo o cenário para parcelar e ter maior sucesso na absorção”, explica o especialista.
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Apesar da importância da reposição do nutriente, o pesquisador da Fundação MT lembra que ainda não existem muitas ferramentas de predição de que dose de N utilizar, “logo, o que vai ditar é o preço do insumo e do algodão, alinhado com o conhecimento técnico das pessoas”. Além disso, ele pontua que é fundamental observar as condições climáticas relacionadas à janela de semeadura para se ter uma precisão de dose e parcelamento efetivo. “Recomendamos que a dose de N seja realizada de acordo com o potencial produtivo histórico do talhão, assim como analisar todos os parâmetros de eficiência da adubação nitrogenada”, reforça.
PERSPECTIVAS – Para os próximos anos na cotonicultura, Bertol aposta em um cenário sem muitas mudanças com relação à adubação nitrogenada, porém, destaca que o produtor pode esperar por novos conceitos agronômicos aplicados de forma econômica na cultura. O consultor da Ceres também enxerga que estão por vir tecnologias que diminuam as perdas do N, podendo auxiliar na adubação. “É importante salientar a necessidade de entendermos a dinâmica do N, não só ele, mas em conjunto com os outros nutrientes, porque a nutrição do algodão ela não pode ser focada apenas em um e, sim, em todos, buscando um equilíbrio deles para fornecer uma boa quantidade para a planta e para que esta possa expressar o seu máximo potencial produtivo”, finaliza ele.
Para entender melhor o cenário, a Fundação MT conduz por nove safras o experimento Nitrogênio Algodão, em Sapezal/MT, onde testa doses do nutriente associado ao parcelamento ao longo do ciclo.