A recente onda de desastres climáticos, como as intensas chuvas no Rio Grande do Sul e a falta de precipitação no Centro-Oeste, evidencia um problema que vem sendo anunciado há décadas. O engenheiro agrônomo João Pedro Cuthi Dias e o Agrolink, trazem à tona a seriedade e a urgência das mudanças climáticas em curso, “ressaltando que estamos vivendo exatamente o que foi previsto há 30 anos”.
“Nós estamos vivendo um momento que foi previsto há 20, 30 anos atrás, que à medida que houvesse um aumento na temperatura média do planeta, todos os fenômenos climáticos iam ser amplificados,” diz Dias. “Nós teríamos secas mais intensas, ondas de calor de temperatura mais elevada e chuvas como estão ocorrendo agora.”
O ano de 2023 bateu o recorde de temperatura média global, um marco preocupante que não se alinha com os esforços necessários para mitigar os efeitos do efeito estufa. A falta de ação adequada continua a criar condições propícias para a amplificação dos fenômenos climáticos, resultando em tragédias humanitárias e econômicas.
“O Rio Grande do Sul foi duramente atingido, com cerca de 2,5 a 2,7 milhões de pessoas afetadas pelas enchentes,” destaca Dias. “Estamos falando de pessoas que perderam tudo. Elas terão que recomeçar do zero, seja no trabalho, no patrimônio, ou nas suas casas.”
Os desastres climáticos estão se tornando cada vez mais frequentes e intensos, superando recordes históricos. “O que aconteceu no Rio Grande do Sul superou as enchentes de 1941, que são consideradas o maior desastre de Porto Alegre. Superou, e isso vai continuar acontecendo,” compara Dias. Esses eventos não estão restritos ao Brasil. “Em regiões desérticas, como Dubai, onde chove em média 97 milímetros por ano, registrou-se 125 milímetros de chuva em um único dia. A cidade não tinha infraestrutura para lidar com esse volume de água. E isso se aplica a todas as regiões do mundo,” explica ele.
As implicações globais são alarmantes. “Nós estamos vivendo momentos de enchente na China, na Índia, no Paquistão, na boa parte da Ásia, e estamos sofrendo também a falta de chuva. Na Colômbia, no Equador, não tem água potável, água para ser tomada por um ser humano, para consumir, não é para irrigação. Não há para o consumo humano,” alerta o engenheiro agrônomo. O aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera, resultado da atividade humana, está desestabilizando o equilíbrio do planeta, tornando eventos extremos mais frequentes e severos.
“A meta estabelecida no Acordo de Paris, de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C, está em risco. No ano passado, já atingimos 1,45°C e a tendência é superar esse limite,” alerta Dias. “O aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera é contínuo. O planeta estava relativamente equilibrado quando a maior parte do carbono permanecia no solo. No entanto, estamos extraindo esse carbono na forma de petróleo e carvão, além de liberar metano e outros gases devido às atividades humanas. Isso está intensificando o aumento da temperatura média global.”
João Pedro Cuthi Dias nos traz uma reflexão urgente sobre a necessidade de ações concretas e coordenadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O futuro que foi previsto está se desenrolando diante de nossos olhos, e as medidas que tomamos agora determinarão a gravidade dos impactos que ainda estão por vir.