Uma vez que 84% da população brasileira já é urbana, conforme aponta estudo realizado pelo Centro de Inteligência da Carne Bovina (Cicarne), vinculado à Embrapa Gado de Corte, o apagão de mão de obra nas fazendas pecuárias é iminente, sendo um dos dez maiores gargalos que o setor enfrentará até 2040.
Tudo por conta da baixa disponibilidade de pessoas capacitadas na lida dos animais, muitas das quais têm migrado para propriedades agrícolas. Na avaliação de Guilherme Malafaia, pesquisador da Embrapa à frente do estudo, “a falta de mão de obra qualificada é um dos maiores desafios à manutenção da competitividade de uma fazenda de gado de corte“, aponta.
Segundo Gabriel Sandoval, gerente de Marketing da GlobalGen vet science, a escassez de mão de obra já é uma realidade no Brasil, especialmente, no sistema de cria, atividade cada vez mais recorrente dentro das propriedades e onde a intensificação da reprodução torna-se desafiadora. “Não há inseminador e gente especializada suficiente para conduzir os manejos necessários à inseminação artificial em tempo fixo”, alerta Sandoval.
Como destacam os técnicos da área, o apagão de mão de mão de obra é uma das dez megatendências esperadas para a pecuária em 2040, segundo a Embrapa, mas já está acontecendo. Capatazes já trocam a pecuária por máquinas agrícolas nas lavouras.
O sistema de cria será o mais atingido porque vem se tornando recorrente nas fazendas e utiliza o que existe de mais moderno em reprodução: a inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Já existe escassez de inseminadores e gerentes de fazenda que dominem todos os processos de sincronização dos protocolos de reprodução, afetando tanto cadeia produtiva de carne bovina quanto e de leite.