Nesta segunda-feira (2), o principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, operou em alta. A moeda estava em sessão instável, após acumular perda de mais de 8% na semana passada, em meio a perspectivas de ações de bancos centrais para frear o impacto da disseminação do coronavírus no ritmo da atividade econômica global.
Por volta das 16h28, o Ibovespa subia 1,83%, a 106.076 pontos. Mais cedo, o índice chegou a ter alta de 2,5%.
Hypera liderava os ganhos do dia, com valorização de quase 14% após comprar portfólio de medicamentos da Takeda por US$ 825 milhões, incluindo Neosaldina e Dramin. Segundo a companhia, aquisição fará da Hypera a maior empresa farmacêutica do Brasil e a líder em medicamentos isentos de prescrição. Vale e Petrobras subiam acima de 4%.
Entre as principais baixas do dia, CVC Brasil despencava mais de 12%, após a operadora de turismo divulgar no fim de semana que constatou indícios de erros em sua contabilidade, que se confirmados poderão significar ajustes significativos nos resultados reportados pela companhia, destaca a Reuters.
Grupo Pão de Açúcar era outra pressão de baixa, com queda de mais de 8%.
Já o dólar subiu pela 9ª sessão seguida nesta segunda-feira e fechou a R$ 4,4860.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 1,15%, a 104.171 pontos, mas registrou a pior semana desde 2011. No acumulado na semana, perdeu 8,37%, o pior resultado desde a semana encerrada no dia 5 de agosto de 2011, segundo a Economatica. O índice acumulou queda de 8,43% no mês e recuo de 9,92% no ano.
Tensão global
O avanço da epidemia do novo coronavírus pelo mundo tem provocado abalos nos mercados globais e elevado as preocupações de investidores e governos sobre o impacto da propagação do vírus nas cadeias globais de suprimentos, nos lucros das empresas e na desaceleração do crescimento da economia global.
Nesta segunda-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, passando a projetar um crescimento de 2,4%, menor expansão desde 2009 e ante expectativa anterior de 2,9%, citando o coronavírus e as contrações na produção chinesa.
Após sinalizações do chairman do Federal Reserve na sexta-feira de que "usaria suas ferramentas e atuaria conforme apropriado para apoiar a economia", o presidente do banco central do Japão disse nesta segunda-feira que tomará as medidas necessárias.
Já o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou que os bancos centrais globais têm mantido conversas sobre o impacto do surto de coronavírus.
Impacto local
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou na sexta-feira à GloboNews que o coronavírus deverá levar à revisão na estimativa de Produto Interno Brasileiro (PIB).
A secretaria comandada por Sachsida é responsável por fixar as projeções oficiais do governo para a economia e chegou a anunciar em janeiro deste ano um aumento na previsão de crescimento, alterando a expectativa de 2,32% para 2,40%. Segundo o secretário, a nova revisão do número deve ser anunciada até o fim da semana que vem.
O mercado brasileiro reduziu para 2,17% a previsão a alta do PIB em 2020, segundo pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira, mas diversos bancos e consultorias já estimam um crescimento abaixo de 2%.
Na semana passada o MT econômico publicou um artigo de um especialista em investimentos com algumas dicas do que fazer em momento de queda na bolsa devido ao surto do coronavírus. Veja mais aqui.