A ameaça de falta de insumos para o plantio da safra 2021/22 – que já está autorizado na maior parte do País – é motivo de preocupação para a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). A entidade vem recebendo nos últimos meses informações de sojicultores sobre atrasos na entrega – e o que é mais preocupante – de cancelamento de contratos e de pedidos de compra de fertilizantes e defensivos, entre eles do herbicida glifosato, um dos mais utilizados no planeta.
Em Mato Grosso, há relatos de problemas na entrega para produtores de Canarana, Nova Mutum e Primavera do Leste. O Estado é o maior produtor de grãos e fibra do País e o plantio da nova safra começou no mês passado, mas segue sendo cadenciado pelo ritmo das chuvas.
Como destaca a Aprosoja Brasil, na prática, a falta destes produtos pode comprometer a produção rural brasileira, isso porque a não aplicação de insumos no momento correto do plantio de soja e de milho reduzirá o volume e a qualidade da safra de grãos produzidos no País.
“Sem fertilizantes e defensivos, as lavouras perdem produtividade, que é vital para a garantia da renda dos produtores e da sustentabilidade social e ambiental, pois representa produzir mais alimentos com menor utilização de recursos e de área de plantio”, destaca a entidade.
Para deixar a situação ainda mais crítica, o atraso na aplicação destes insumos nas lavouras de soja pode reduzir o período adequado para o cultivo do milho da safra verão e, consequentemente, resultar em desabastecimento do cereal e encarecimento dos preços do milho, carnes, ovos, leites e derivados.
A entidade solicita às empresas que cumpram os contratos firmados e pedidos retirados.
O vice-presidente da Aprosoja/MT, Lucas Costa Beber, destaca que a entidade está preocupada e acompanhando a situação e que cobra responsabilidade das empresas revendedoras de insumos. “A Aprosoja está de olho. Estamos com nosso Canal do Produtor pronto para receber os chamados dos produtores. Pedimos sempre que quando o produtor for questionar a empresa, peça para que eles formalizem a justificativa do atraso e enviem para o Canal do Produtor da Aprosoja. Caso haja alguma oferta de ruptura de contrato ou até mesmo de prorrogação de entrega, ou também de correção de valor, também formalizem e enviem à Aprosoja para que possamos combater qualquer prática ilícita ou injusta contra o nosso produtor”.
Para entidade-mãe, “não há dúvidas de que este cenário de incertezas nos permite cravar uma certeza: que o atraso para a entrega de fertilizantes e defensivos indubitavelmente reacenderá a discussão sobre a necessidade de revisão de contratos entre produtores e os demais atores da cadeia de forma que o risco da operação seja melhor compartilhado entre as partes. Hoje fica claro que recai exclusivamente para o produtor”, frisa a Aprosoja Brasil.
Leia também: Gastos com fertilizantes devem ser 50% maior e impactar produtores de soja e milho