As recentes adversidades climáticas têm lançado sombras sobre os campos brasileiros, com impactos no mercado agrícola. De acordo com o boletim da Grão Direto, as chuvas previstas se concretizaram na última semana e mais precipitações são esperadas nos próximos dias. Isso tem mantido cerca de 50% dos produtores rurais ainda sem iniciar a colheita da soja, afetando a entrada do produto no mercado e gerando aumentos nos indicativos de compra para entregas a prazos mais longos.
O atraso na colheita da safra de soja tem mantido instáveis os custos logísticos, que ainda não se estabilizaram em sua tradicional temporada de alta. No entanto, espera-se uma mudança nesse cenário no próximo mês de abril, à medida que a colheita avança e os produtores enfrentam a pressão para cumprir seus compromissos financeiros.
Apesar dos desafios enfrentados localmente, há sinais de esperança no horizonte internacional. As exportações de soja brasileira estão 30% acima do último ano, o que pode indicar uma reversão na tendência do mercado, historicamente pressionado pela baixa demanda. Este aumento nas exportações coincide com previsões do relatório do USDA, trazendo uma luz no fim do túnel para os produtores locais.
Além disso, novos elementos estão emergindo no cenário internacional, como o aumento das compras de farelo pela China e os desafios na produção de óleo de palma na Malásia. Estes fatores têm contribuído para manter os prêmios próximos ao positivo para entregas em maio e junho, enquanto o mercado de óleo vegetal se aquece com a iminência da temporada de alta dos combustíveis.
No contexto econômico, o dólar está próximo dos R$ 5,00, após o anúncio de um Payroll nos EUA acima das expectativas, que gerou discussões sobre a resistência dos EUA aos métodos de contenção da inflação. Para o Brasil, que planeja cortar mais 0,5% na próxima reunião, permanece a incerteza se esse resultado pode influenciar em um corte mais conservador da política monetária.
De acordo com o recente Boletim Semanal da Conab, as chuvas afetam o ritmo de colheita da soja em algumas regiões, mas beneficiam o desenvolvimento das lavouras em outras. Enquanto a colheita da soja é interrompida por chuvas em Mato Grosso e Paraná, o Rio Grande do Sul e Bahia se beneficiam das precipitações para o desenvolvimento das lavouras. Relatório destaca preocupação com a ferrugem asiática em diversas regiões.
Em Mato Grosso, as chuvas apresentaram um efeito ambivalente, ao reduzir o ritmo da colheita e elevar a umidade dos grãos, embora ainda dentro de parâmetros aceitáveis.
De acordo com novo Boletim da Soja do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a colheita da soja da safra 2023/24, em Mato Grosso, alcançou 95,60% das áreas projetadas, apresentando avanço de 5,18 pontos percentuais (p.p.) no comparativo semanal. O ritmo dos trabalhos a campo continua menor em relação à média do avanço semanal dos últimos anos, atraso de 0,91 p.p. em relação à safra passada e 0,63 p.p. no comparativo com a média dos últimos cinco anos.
PROGRESSO DA SAFRA: Na semana de 4 a 10 de março de 2024 a colheita da soja avançou em pelo menos 55,8% das áreas monitoradas pela Conab, representando um valor 5,3% superior ao ritmo da safra passada. O destaque é Mato Grosso, sendo o mais adiantado no andamento da colheita.
Ainda assim, uma parte considerável das lavouras ainda estão em estádios do meio do ciclo, com 20,3% ainda em enchimento de grãos, precisando de algumas chuvas – especialmente no Rio Grande do Sul.
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PROGRESSO DA COLHEITA:
Tocantins: Crescimento de 20% (semana passada 35%, agora 55%). Em comparação à safra anterior (80%), menor progresso.
Maranhão: Aumento de 21% (de 16% para 37%). Menor do que 41% da safra anterior.
Piauí: Cresceu 2% (de 4% para 6%). Bem abaixo dos 23% do ciclo passado.
Bahia: Aumento de 7,3% (de 7,7% para 15%). Menor que 21% da safra anterior.
Mato Grosso: Avançou 6,9% (de 82,4% para 89,3%). Ligeiramente abaixo dos 94,7% da safra passada.
Mato Grosso do Sul: Crescimento de 13% (de 65% para 78%). Supera os 58% da safra anterior.
Goiás: Avanço de 11% (de 52% para 63%). Menos do que os 72% da safra anterior.
Minas Gerais: Aumento de 6% (de 39% para 45%). Abaixo dos 54,9% da safra passada.
São Paulo: Crescimento significativo de 20% (de 45% para 65%). Acima dos 40% da safra anterior.
Paraná: Aumento de 12% (de 52% para 64%). Acima dos 33% da safra anterior.
Santa Catarina: Crescimento de 5% (de 7% para 12%). Supera os 4% da safra passada.
Rio Grande do Sul: Sem variação (0%). Igual à safra anterior. (Com Agrolink)