O impacto significativo da digitalização nos setores produtivos é conhecido amplamente na sociedade. A atualização digital transformou realidades e trouxe infinitos modelos de oferta de serviços, mercadorias, informações, trabalho, entre outros setores. Ao pensar na realidade da agroindústria, o setor terá 18,8 milhões de empregos no Brasil em 2029.
Essa informação faz parte do estudo “Profissões emergentes na Era Digital: oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde” que possui como tema central as tendências da transformação digital em alguns setores da economia como a indústria, agricultura e saúde.
A projeção apontada no estudo realizado pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) acompanha o vultuoso incremento nas produções agroindustriais do país, que a cada ano, apresentam safras recordes.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (IPEA), em 2019 a agricultura representava um total de 18,3 milhões de empregos no país. Numa projeção a curto prazo (5 anos) serão em torno de 18,5 milhões de trabalhadores em 2024, já a longo prazo (10 anos), a expectativa é que o Brasil apresente em 2029 o montante de 18,8 milhões de postos de trabalho.
A análise do impacto da demanda por formação profissional, em razão da transformação digital, indica que as maiores lacunas estão no setor de agricultura e as maiores demandas por novos trabalhadores correspondem ao setor de transformação e serviços, o que gera uma alta lacuna no curto prazo.
Além da projeção em postos de trabalho, vale ressaltar que o agronegócio no Brasil é responsável direta e indiretamente por um em cada três empregos do país, e a digitalização pode ajudar a manter e aumentar esta geração de empregos de forma mais sustentável. O setor representa uma proporção importante no PIB (21,4% em 2019), sendo o Brasil um dos maiores exportadores de grãos no mundo. Mesmo com a pandemia da Covid-19, o PIB do setor teve crescimento em 2020.
Ao analisar a atuação das indústrias no Brasil, o estudo identifica que o país possui o maior parque industrial da América do Sul e apresenta uma atuação diversificada com importante geração de empregos para o país. Apesar da contração observada nos últimos anos, a transformação digital por meio da Indústria 4.0, é a alavanca para a competitividade do setor, com a produção mais eficiente e sustentável.
A digitalização dos processos produtivos oportuniza aos profissionais a aquisição de competências digitais, afastando assim, o emprego da força física no trabalho industrial. Neste cenário, são apresentadas mais oportunidades para jovens e mulheres, porque mais do que a geração de novos empregos na indústria da transformação, a digitalização provoca uma grande migração dos serviços relacionados à produção.
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Partindo para os desafios da educação profissional no Brasil, o estudo aponta que é necessário um alinhamento mais efetivo entre a oferta de cursos e as demandas do setor. Conforme citação em relatórios do Banco Mundial em 2016, da OCDE em 2015 e DLR em 2018, atualmente a oferta não é suficiente para atender a demanda econômica futura. Os documentos destacam ainda, a falta de capacidade de oferta educacional, sendo que a cada ano apenas 9% dos jovens optam pela formação profissional.
Na avaliação do diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai MT), Carlos Braguini, para cumprir o objetivo de atender às necessidades que o mercado demanda, será preciso um esforço extra, para capacitar profissionais capazes de e adequar às exigências do mundo do trabalho.
“Os setores produtivos são fortemente impactados pelo avanço digital acelerado e com essa alta velocidade das inovações, uma demanda de pessoas capacitadas é gerada. Temos profissões emergentes, mas é preciso evoluir nas formações para desenvolver habilidades como resolução de problemas, raciocínio lógico e trabalho em equipe. O objetivo é preparar o profissional para tomada de decisão baseada em dados, como o pensamento criativo e crítico, resolução de problemas complexos e aprendizagem ativa”, analisa Braguini.
Ao desenvolver as habilidades necessárias, os trabalhadores adquirem mais capacidade de se adaptar às mudanças decorrentes das transformações tecnológicas no mercado de trabalho. O estudo destaca a importância de as empresas assumirem o protagonismo para proporcionar o desenvolvimento entre os profissionais, por meio da formação continuada fornecida pela própria empresa, em academias internas ou com ajuda de custo em cursos de interesse.
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