A nova diretoria do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindenergia), triênio 2025/27 tomou posse em solenidade realizada no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt). O evento, que marcou um novo momento para o setor elétrico do estado que cobra mudanças no atual modelo, reuniu autoridades, empresários e lideranças políticas que destacaram a importância do sindicato e os desafios para o futuro energético de Mato Grosso, na noite da última quinta-feira (28).
Estiveram presentes o Presidente da Fiemt, Silvio Rangel, o secretário-chefe da Casa Civil Fábio Garcia, o secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, a deputada federal Gisela Simona, os deputados estaduais Carlos Avalone e Júlio Campos.
Durante o discurso de posse, o novo presidente, Carlos Coelho Garcia, destacou o trabalho que a entidade vem fazendo para melhorar a qualidade da energia que chega até as indústrias. “Estamos propondo à Aneel um modelo de setor elétrico que considere as especificidades de cada região. Mato Grosso cresce muito acima da média nacional e é do tamanho de um país, a infraestrutura elétrica no modelo atual não consegue acompanhar o desenvolvimento do estado, problema que afeta diretamente o crescimento da indústria mato-grossense. Encontrar uma solução para este problema é um desafio da nossa gestão, pontuou o Presidente.”
Ele também chamou à atenção para o alto custo das térmicas, que são acionadas em razão da diminuição de oferta de energia proveniente de hidrelétricas nos últimos anos. “A energia proveniente de termoelétricas custam para o sistema mais que o dobro da energia das PCHs e esse custo vai diretamente para o consumidor, através da cobrança das bandeiras tarifárias, diminuindo a competitividade da indústria. Precisamos de um modelo que priorize as fontes mais baratas e eficientes como as hidrelétricas a fim de diminuir o custo da energia e aumentar a nossa competitividade.”
O secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, destacou que a missão do novo presidente do Sindenergia é a de levar energia segura para que Mato Grosso possa desenvolver o seu parque industrial.
“O desafio energético do estado de Mato Grosso vem de longa data. Apesar de todos os nossos recursos naturais, de todo o nosso potencial hídrico e mais recentemente nosso potencial solar, nós, por muito tempo sofremos com falta de energia e este problema foi enfrentado por muitos governadores que aqui passaram. Apesar de a gente ter hoje geração de energia, a gente ainda não tem infraestrutura necessária para fazer com que a energia chegue de forma segura para as nossas indústrias. Este é um fator limitante para o nosso desenvolvimento industrial”.
Em seu discurso o presidente destacou ainda o papel estratégico do setor elétrico brasileiro, que possui a matriz energética mais limpa do planeta, com mais de 80% da geração proveniente de fontes renováveis, sendo a hidráulica responsável por cerca de 65%.
Apesar do cenário nacional favorável, Mato Grosso, com um dos maiores potenciais hidrelétricos do país, ainda explora apenas 10% desse recurso. “Somos um estado com vocação natural para as hidrelétricas. Temos condições geográficas únicas, como o Aquífero Guarani e rochas que favorecem a retenção hídrica, possibilitando a construção das usinas mais eficientes do mundo. No entanto, enfrentamos desafios impostos por um modelo ultrapassado do setor elétrico, que não aproveita suas potencialidades para impulsionar nosso desenvolvimento”, afirmou Garcia.
O presidente do Sindenergia enfatizou que as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) podem ser protagonistas na geração de energia limpa e na criação de empregos em Mato Grosso, mas são subutilizadas devido à ausência de políticas públicas que favoreçam o seu desenvolvimento.
“Precisamos de um novo modelo para o setor elétrico, que valorize os atributos de cada fonte e extraia delas o melhor. Não pregamos o desaparecimento das térmicas, mas defendemos a harmonização de todas as fontes disponíveis, com políticas públicas que promovam o armazenamento de energia, por fonte hídrica ou solar, e a valorização da cadeia produtiva nacional”, declarou Garcia.
HOMENAGEM E RECONHECIMENTO – A posse também foi marcada por homenagens ao novo presidente e à sua família, que tem uma longa trajetória de serviços prestados ao desenvolvimento do estado. O presidente da Fiemt, Silvio Rangel, destacou o legado de Carlos Garcia como continuidade de um trabalho que atravessa gerações. “Carlos assume essa responsabilidade com a marca de uma família que já contribuiu imensamente para Mato Grosso. É uma liderança que une experiência e visão estratégica. Conte com o sistema Fiemt como parceiro para enfrentar os desafios do setor elétrico”, afirmou Rangel.
O deputado estadual e ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos (União Brasil), destacou a importância das PCHs para o abastecimento de regiões remotas e defendeu uma mobilização junto à Aneel para revisar o modelo atual. Ele parabenizou o discurso do novo presidente, que deu uma aula sobre a importância da fonte hidrelétrica e as mudanças que precisam ocorrer no setor.
“A base da nossa matriz energética é a hidrelétrica. Temos o que o mundo inteiro gostaria de ter e exploramos muito mal. Precisamos corrigir essa injustiça, especialmente para atender às demandas de regiões distantes, como Colniza, que poderiam ser abastecidas por PCHs próximas”, enfatizou Campos.
O deputado estadual Carlos Avalone (PSDB) comemorou o discurso do colega de parlamento, Júlio Campos, sobre a possibilidade da criação de uma frente para tratar sobre as PCHs, na Assembleia Legislativa.
“O setor elétrico, ele é muito mal-entendido, e algumas pessoas, por desconhecimento, lutam contra como se a energia limpa de uma PCH, de uma hidrelétrica, tivesse causando mal, quando ela causa tão bem, e nós passamos por tantas dificuldades no setor. É importante a gente receber essas informações para que possamos, lá na Assembleia, poder fazer a defesa adequada desse setor tão importante. Quem não entende acha que só a energia solar vai resolver o problema de Mato Grosso e do Brasil, mas não consegue entender que ela é um complemento, mas a base é a energia hidrelétrica”.
A deputada federal Gisela Simona destacou que a energia é um pilar para o crescimento econômico e industrial. “Mato Grosso tem uma riqueza energética que ainda está subutilizada. É fundamental garantirmos energia de qualidade, com preço justo, para que possamos continuar crescendo e nos tornando referência no Brasil e no mundo”, disse.
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