A baixa demanda por fretes, neste início da safra 2022/23, fez com que os preços rodoviários sofressem reajustes decrescentes na passagem de agosto para setembro, apontando reduções de até 25%, em Mato Grosso. Conforme o Boletim Logístico, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a maior parte dos fretes com origem no Estado tiveram retração no período.
Conforme a Conab, as retrações refletem o encolhimento na demanda por caminhões para escoamento, principalmente da produção de milho neste período de entressafra.
Um dos trechos com o frete mais caro em Mato Grosso, de Querência a Santos (SP), o custo por tonelada transportada passou de R$ 480 para R$ 430, na passagem de agosto para setembro. A maior queda, de 25%, foi registrada na rota Primavera do Leste a Alto Araguaia, que passou de R$ 120 para R$ 90, no mesmo período de comparação. Outra rota bastante utilizada para o escoamento da produção mato-grossense, Campo Novo do Parecis aos portos do Arco Norte, encolheu 20%, passando de R$ 250 para R$ 200.
A perspectiva é de que os preços continuem em declínio durante outubro e novembro, tendendo à estabilização em dezembro, quando, imagina-se o rompimento desse ciclo, com o início do período da colheita de soja que ocorrerá entre o fim de dezembro deste ano e início de janeiro de 2023, movimento tido como ‘tradicional’, especialmente em Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil. Conforme a Conab, a retomada da colheita deverá aquecer o mercado de frete, alterando para cima os preços.
“É importante destacar que, ainda que haja tendência de recuo nos preços, estes se encontram em patamar relativamente mais elevado, em comparação ao registrado há um ano, como decorrência dos motivos relatados nas últimas pesquisas, como: safras recordes de soja e milho, comercialização das commodities mais travadas neste ano, persistência dos efeitos do descompasso na logística interna e internacional, ocorridos no primeiro semestre, além da inflação e dos elevados preços dos combustíveis ao longo do ano”, pontou o Boletim.
Em Mato Grosso, como exemplo da majoração dos preços do frete na comparação anual, houve alta em todas as rotas monitoradas pela Conab. A maior elevação é de 56%, trecho Querência (MT) a Araguari (MG), com a tonelada saindo de R$ 180 para R$ 340, na comparação entre as médias registradas em setembro do ano passado ante setembro deste ano. Já o frete mais caro está no trecho Sorriso (MT) a Paranaguá (PR), cuja tonelada custa R$ 450.
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ANÁLISE – O preço do frete apresentou queda ou tendência de queda em quase todas as praças acompanhadas pela Conab: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Bahia. Entre os motivos, que podem variar de acordo com a localidade, destacam-se a queda da demanda na entressafra e a retração nos preços dos combustíveis.
A exceção foi verificada no Distrito Federal e no Piauí, que mostraram ainda um mercado aquecido. O primeiro, justificado pela intensificação do plantio da safra 2022/23 onde alguns produtores, que ainda não adquiriram os adubos, estão solicitando, e o segundo, sustentado pela movimentação do milho segunda safra.
Os portos do Arco Norte apresentaram, no acumulado até setembro, 45% da movimentação nacional das exportações de milho, contra 49,4% no mesmo período de 2021. O porto de Santos é o segundo principal ponto de saída do grão, escoando 34,4% da movimentação total no período, contra 36,1% do exercício passado. As principais origens do milho exportado foram os estados de Mato Grosso, Paraná, Goiás e Pará.