Autoridades alfandegárias da China confirmaram ontem que aceitarão pedidos de importação de carne bovina brasileira que tenham recebido certificado sanitário antes de 4 de setembro, potencialmente permitindo que os carregamentos retidos nos portos chineses finalmente sejam liberados na alfândega.
O Brasil suspendeu as exportações de carne bovina para a China em 4 de setembro após detectar dois casos atípicos de doença da vaca louca, mas a carne que já estava nos portos continuou sendo exportada, com a maior parte não conseguindo passar pela alfândega na chegada à China. Os casos foram considerados “atípicos” por serem de um tipo espontâneo, e não por transmissão no rebanho.
De acordo com a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), casos “atípicos” não oferecem riscos à saúde humana e animal, e são em geral detectados em bovinos mais velhos.
Mato Grosso, maior produtor nacional da proteína animal, contabilizava até outubro queda de 56% na receita das exportações da carne bovina e seus derivados. Conforme o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), o faturamento naquele mês passou de US $ 252,63 milhões para US $ 110,53 milhões. Em comparação com outubro do ano passado, uma queda na receita foi de 29%, quando foram comercializados US $ 156,52 milhões.
De acordo com o diretor de operações do Imac, Bruno de Jesus Andrade, a China passou a ser o principal destino da carne brasileira e a saída repentina do mercado está provocando significativas perdas para o setor, sobretudo para os produtores rurais que são os primeiros a sentir os impactos.
Mato Grosso detém o maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 30 milhões de cabeças, conforme já noticiado pelo Mato Grosso Econômico aqui.
REABERTURA – A alfândega chinesa atualizou seu site nesta terça-feira para informar que agora está aceitando pedidos de importação de carne bovina certificada antes da suspensão.
Não ficou claro quanto tempo esses procedimentos levariam ou a quantidade de produto presa no limbo desde a suspensão.
O Brasil é o principal fornecedor de carne bovina da China, atendendo a cerca de 40% de suas importações, e os compradores esperavam inicialmente que o comércio fosse retomado em algumas semanas.
Desde que os casos em bovinos foram anunciados, o Brasil também notificou dois casos de distúrbio neurodegenerativo em pessoas, embora autoridades tenham dito que eles não estavam relacionados ao consumo de carne bovina.