Desde agosto deste ano, o preço da carne começou a apresentar uma elevação, chegando a subir até 16% em alguns estabelecimentos. Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo MT), Paulo Bellincanta, a previsão é de um novo aumento entre 20% e 30%. Os principais fatores que determinarão a continuidade dessa alta serão a oferta e demanda, além da disponibilidade de matéria-prima nos pastos.
Segundo Bellincanta, esse movimento de alta faz parte de um ciclo pecuário conhecido, no qual a oscilação da oferta de bezerros e bois magros para engorda influencia diretamente os preços. Esse ciclo ocorre geralmente em intervalos de dois anos.
“Nos últimos dois anos, tivemos uma oferta excessiva de carne no mercado. Muitas matrizes foram abatidas porque o preço do gado não estava atrativo. Com isso, os produtores não se sentiram seguros para manter as fêmeas e investir na atividade. Houve uma retração e, em muitos casos, áreas de pasto foram convertidas para o cultivo de soja”, afirmou o presidente do Sindifrigo.
A estabilidade é sempre um objetivo fundamental para as indústrias de carne e para os pecuaristas, mas o momento atual gera incertezas quanto ao ponto de equilíbrio entre oferta e demanda, aponta o empresário.
ANÁLISE – Levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que as carnes ficaram, em média, 2,97% mais caras em setembro. Essa sendo a maior alta registrada do alimento desde dezembro de 2020, quando estes itens subiram 3,58% em apenas um mês. Entre os cortes mais afetados pelo aumento do valor, estão o contrafilé, que teve uma alta de 3,79% de agosto para setembro, em seguida do patinho e da costela, assim como da carne de porco, que também apresentam altas de 3%.
De acordo com o economista e especialista em gestão de supermercados Leandro Rosadas, o movimento deve impactar na escolha das compras feitas por brasileiros.
“Esse aumento está ligado a arroba do boi gordo. Em janeiro deste ano, o seu valor estava em R$ 249,65, em agosto seu valor teve uma queda, com a média de R$ 238,33. Porém, em setembro, a negociação em torno da proteína era de R$ 268, ou seja, tendo um aumento de 12% somente em um mês. Isso acontece pela entressafra, a época em que os produtores precisam alimentar o gado com ração, já que as pastagens ficam secas. Esse período foi intensificado pela precária condição climática que vem sendo registrada no país nesses últimos meses”, explica Leandro.
Ainda segundo o especialista no setor supermercadista, o valor elevado poderá mudar os hábitos de consumo entre brasileiros, que vão começar a buscar por proteínas que sejam mais acessíveis, como a carne de frango e mesmo a de porco, que mesmo com a alta, segue mais acessível que a bovina. Porém, ao longo de algumas semanas, os preços desses itens também devem subir por conta do aumento da demanda.
“O movimento, apesar de manter o consumo de proteína estável por parte do público nas primeiras semanas, pode resultar em uma queda nas vendas para os produtores e varejistas. Isso pode acontecer, principalmente, caso o valor de outras carnes comece a subir em larga escala. Vale ressaltar que a alta dos preços pode incentivar a importação de carne de outros países, o que pode desestabilizar o mercado nacional e prejudicar os produtores nacionais”, Leandro enfatiza.
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