O site Mato Grosso Econômico levantou junto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) que a previsão de desempenho da economia brasileira neste ano é de queda e recessão.
A estimativa agora é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha uma queda de 3,1% e o PIB Industrial recue 5%. No fim do ano passado, a CNI previa uma redução de 2,6% na economia e de 4,5% na indústria. Os investimentos encolherão 13,5%, o consumo das famílias diminuirá 4,4% e o desemprego atingirá 11,5% da população. "A dominância de um ambiente de incerteza política – geradora de instabilidade econômica e baixa confiança dos agentes – mantém a economia brasileira em forte recessão", analisa a CNI no Informe Conjuntural do primeiro trimestre de 2016, divulgado nesta terça-feira, 12 de abril.
De acordo com o estudo, este será o terceiro ano consecutivo de retração da indústria. Com isso, o PIB do setor terá uma queda acumulada de 12% em três anos. "A forte deterioração das condições financeiras das empresas, se não revertida, pode agravar o quadro e levar a novas quedas", observa a CNI. O Informe Conjuntural destaca que a recuperação da economia depende de um ajuste fiscal permanente e de medidas que restabeleçam a confiança dos agentes econômicos. "Sem essa ação coordenada, a crise irá se estender por prazo insustentável para as empresas e a sociedade", diz a CNI.
DESAJUSTE FISCAL – As previsões da indústria confirmam o desajuste das contas públicas. O déficit primário – valor dos gastos do governo que superam a arrecadação – alcançará R$ 100 milhões. "A magnitude dos déficits dos últimos dois anos, aliado a um pesado serviço da dívida e à recessão, determinam uma trajetória da relação dívida/PIB crescente e preocupante", alerta o Informe Conjuntural. As estimativas da CNI indicam que a dívida líquida do setor público alcançará 72,9% do PIB.
No entanto, há alguns sinais positivos no horizonte, avalia a CNI. Um é a recuperação dos saldos positivos na balança comercial brasileira, influenciada pela desvalorização do real frente ao dólar. A balança comercial brasileira fechará o ano com um superávit de US$ 42 bilhões, resultado da queda das importações e da retração menos intensa das exportações. A CNI prevê que as exportações somarão US$ 192 bilhões e importações, US$ 150 bilhões.
O outro é a desaceleração da inflação. Embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumule uma alta de 2,6% no ano e de 9,4% nos 12 meses encerrados em março, a tendência é que as pressões inflacionárias diminuam com a desaceleração dos preços administrados e a queda do consumo e da produção. O IPCA fechará 2016 em 7,1%, inferior aos 10,7% registrados em 2015. A queda da inflação e a recessão permitirão a redução da taxa básica de juros. A taxa Selic baixará dos atuais 14,25% para 13,75% ao ano, no fim de 2016. A taxa real de juros será de 5,2%.
Além disso, a CNI destaca que os estoques de alguns segmentos da indústria estão se ajustando aos níveis planejados pelos empresários, o que significa que a economia pode reagir, quando a demanda externa e interna se recuperarem.