O início da colheita do milho segunda safra tem movimentado o setor logístico, com reflexos no comportamento dos preços de frete, que registram variações positivas em diversas regiões do país. Ao mesmo tempo, as importações de fertilizantes seguem em alta, indicando uma expectativa otimista do produtor rural quanto à próxima temporada agrícola. As informações constam da edição de julho do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Em Mato Grosso, a colheita do milho teve início, no entanto, a maior parcela dos trabalhos se concentrará em junho e julho, com volumes apenas incipientes, registrados em maio, cerca de 1%. Grande produção é prevista para esta temporada, com o prolongamento das chuvas impulsionando a produtividade média esperada de milho de segunda safra. Com a entrada da oferta deste cereal, a tendência é de disputa por caminhões tanto entre a soja e o milho, quanto entre o mercado interno e o mercado exportador.
As baixas cotações atribuídas à soja ao longo dos últimos meses fizeram com que parte ainda relevante do produto não tenha sido comercializada, de modo a se esperar oportunidades futuras. Do ponto de vista logístico, o fato implica em divisão dos corredores e do espaço logístico com a enorme produção vindoura do milho segunda safra, a ocorrer ao longo do segundo semestre.
Neste momento, os preços do milho têm cedido como reflexo da elevação da oferta projetada, o que de certa forma tem retirado o ímpeto dos negócios. Porém, é importante ressaltar que a taxa de negociação da safra disponível é mais adiantada comparativamente a anos anteriores, o que significa que há diversos compromissos logísticos previamente estabelecidos, envolvendo o milho, a serem honrados a partir da colheita.
“O arrefecimento momentâneo registrado para novos negócios deverá promover a extensão do aquecimento do mercado de fretes para todo o segundo semestre, pois, em algum momento, essa enorme safra deverá ser contratada e escoada em sua totalidade”, alertam os analistas da Conab.
Diante deste contexto, a expectativa é de que as cotações dos fretes rodoviários apresentem suporte ao longo de todo o ano de 2025, uma vez que ainda há parcela relevante de soja a ser escoada, além da enorme safra de milho a ser destinada, tanto ao mercado interno quanto ao externo.
Em maio, dado o percentual ainda inicial de colheita, foi sinalizada pouca movimentação no mercado de fretes rodoviários, com os preços apresentando comportamento próximo à estabilidade, com pequenas oscilações e com predominância de alta moderada. Ainda assim, é importante destacar que alguma sustentação no nível de preços foi observada diante de fatores como a necessidade de se liberar espaço em armazéns para recebimento de milho, além da elevada quantidade produzida pela agricultura estadual em 2025, em especial a soja no primeiro semestre. Trata-se de uma tendência que tem sido observada ao longo de todo este semestre, visto que, em nenhum momento em 2025 houve pressão sobre os preços que se mantiveram com certo suporte, mesmo fora de períodos de colheita. Para junho e julho a alta nos preços deverá ser registrada de modo mais ampliado diante da entrada da oferta de milho, da necessidade de atendimento a compromissos previamente firmados e da disputa por caminhões para atendimento a distintas demandas. Neste âmbito, a crescente dinamização e importância do mercado interno na composição da demanda estadual de milho influencia o mercado de fretes rodoviários, na medida em que a maior capilaridade dos destinos retira oferta de caminhões dos corredores tradicionais. Desta feita, essa combinação de demanda dinâmica e crescente com oferta finita e restrita deverá contribuir para a elevação nos preços. Dito isto, o mercado trabalha, de modo geral, com a previsão de preços elevados ANO VIII – Julho 2025 CONAB – SUPERINTENDÊNCIA DE LOGÍSTICA OPERACIONAL – SULOG E SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS – SUREG’S – DOS ESTADOS DO BA, DF, GO, MA, MG, MT, MS, PI, PR E SP. 11 atribuídos aos fretes rodoviários em Mato Grosso, a se observar a partir de junho, com potenciais efeitos ao longo de todo o segundo semestre de 2025. Conforme demonstrado no Gráfico 4, a participação estadual nas exportações brasileiras de milho, no período em análise, atingiu 43,12%, enquanto a de soja 33,3%.
BRASIL – Com o avanço da colheita e os preparativos para o novo ciclo produtivo, cresce a movimentação nos principais polos logísticos. O volume de fertilizantes importados pelo Brasil no primeiro semestre de 2025 alcançou 19,41 milhões de toneladas – crescimento de 9,29% frente ao mesmo período do ano anterior. A maior entrada foi registrada pelo porto de Paranaguá, com 5,14 milhões de toneladas, seguido pelos portos do Arco Norte e de Santos. A alta na aquisição de insumos agrícolas ocorre mesmo diante de um mercado internacional volátil e reforça a aposta dos produtores em safras volumosas.
No caso da soja, as exportações em junho somaram 13,42 milhões de toneladas, ligeira retração em relação ao mês anterior. Ainda assim, o Brasil segue em posição estratégica no mercado global, diante da resistência chinesa ao produto norte-americano e da menor competitividade da Argentina. O porto de Santos concentrou 36,9% dos embarques, enquanto os portos do Arco Norte responderam por 38,5%. A origem das cargas se concentrou, majoritariamente, nos estados de Mato Grosso, Goiás, Paraná e Minas Gerais.
Para o milho, as exportações em junho totalizaram 6,4 milhões de toneladas, volume inferior ao registrado em igual mês do ano anterior. O porto de Santos lidera a movimentação, seguido por São Francisco do Sul, Arco Norte, Paranaguá e Rio Grande. Estados como Mato Grosso, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul se destacaram nas vendas externas. No mercado interno, o ritmo lento das negociações reflete o excesso de oferta, os gargalos logísticos e a preocupação com a gripe aviária. Ainda assim, a demanda do setor de proteína animal e a produção de etanol devem contribuir para a valorização do cereal nos próximos meses.
No segmento de farelo de soja, a elevação no esmagamento do grão para produção de óleo e farelo impulsionou os estoques e a oferta. A produção estimada é de 43,78 milhões de toneladas, com exportações que, entre janeiro e junho, atingiram 11,5 milhões de toneladas – ligeira alta em relação ao mesmo período do ano passado. O escoamento se concentra nos portos de Santos, Paranaguá, Rio Grande e Salvador, com destaque para os estados de origem: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
FRETE – O mercado de fretes apresentou comportamento variado entre as regiões monitoradas pela Conab. Houve queda nos valores praticados na Bahia, puxada pela ampla oferta de transportadores, apesar do crescimento da demanda por fertilizantes e soja. No Paraná, parte das rotas também registrou redução nos preços, especialmente nas saídas de milho para o Sul e para Paranaguá. Já estados como Minas Gerais e Piauí mantiveram estabilidade, com pequenas oscilações pontuais em função de distâncias e tipos de carga.
Por outro lado, o Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Maranhão observaram elevações nos preços de frete em comparação ao mês anterior. O aumento é atribuído, principalmente, à intensificação da colheita de milho, à busca por caminhões para escoamento de soja ainda estocada e às condições específicas de cada mercado regional. A tendência é de manutenção da pressão sobre o transporte rodoviário ao longo do segundo semestre, com a necessidade de escoar grandes volumes da safra atual e da próxima.
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