A safra mato-grossense de grãos e algodão deve atingir 89,57 milhões de toneladas (t). O volume, se confirmado, será 11,3% inferior ao saldo recorde do ano passado, em 100,98 milhões t, e se revela o quarto corte seguido do ciclo 2023/24 ao estado, refletindo o clima seco que impactou diretamente no plantio da soja.
Esses e outros dados fazem parte do 4º Levantamento divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nessa projeção da safra nacional, a Conab mostra que a soja e o milho são as culturas de maiores cortes: 11,8% e 11,5%, respectivamente. A oferta da pluma deve encolher 4,4%. Chama à atenção é no caso do algodão e da soja, há aumento na área plantada, porém, os efeitos da seca/estiagem foram determinantes para queda do potencial produtivo e consequente, quebra de safra.
No geral, as condições climáticas instáveis, com chuvas escassas e mal distribuídas aliadas a altas temperaturas na região central do país, além de precipitações volumosas na região Sul, provocaram e ainda persistem no atraso do plantio da safra, além de influenciarem de maneira negativa no potencial produtivo das lavouras.
Desde que iniciou os levantamentos desta nova safra, a Conab vem mensalmente reduzindo as projeções para Mato Grosso, que mesmo com perspectiva de quebra, segue como o maior produtor nacional de grãos e fibra. Em outubro, Mato Grosso tinha projeção de colher 93,57 milhões t, em novembro a estimativa foi de 93,66 milhões t, em dezembro caiu para 92,7% e agora apresenta a menor projeção: 89,57 milhões t. Se confirmado, esse valor impõe quebra anual de 11,3%, bem acima das perdas projetadas para a safra nacional, que é de 4,2%. Paralelo a essa projeção, a retração na superfície plantada é de apenas 0,8% na comparação anual.
A soja, conforme essa nova atualização, tem retração de 1,1% na área plantada, passando de 12,21 milhão de hectares (ha) para 12 milhões e a produção caí de 45,60 milhões t para 40,20 milhões t.
O milho deve encolher em quase 5% a área plantando, finalizando o plantio em cerca de 7 milhões ha, enquanto a produção deve passar do recorde de 50,73 milhões t para 44,89 milhões t, perda anual de 11,5%.
No algodão, a área cultivada cresce 4,7%, mas a oferta de pluma encolhe 4,4%, saindo de 2,25 milhões t para 2,15 milhões t.
BRASIL – A produção brasileira de grãos deve chegar a 306,4 milhões de toneladas, volume que representa uma nova redução na estimativa de colheita no atual ciclo. Se confirmado, o volume apresenta queda de 13,5 milhões de toneladas ao obtido em 2022/23.
“A atual safra tem a característica de ser uma das mais complexas para a estimativa de área, produtividade e produção nos últimos tempos. As dificuldades podem ser resumidas nos problemas climáticos, que geram incertezas e prejudicam a tomada de decisão pelos produtores”, pondera o superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Aroldo Antonio de Oliveira Neto.
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Principal cultura cultivada no país, a soja deve apresentar uma produção de 155,3 milhões de toneladas. O resultado representa uma quebra de 4,2% na expectativa, uma vez que as primeiras projeções apontavam para uma colheita de 162 milhões de toneladas. Chuvas mal distribuídas e temperaturas elevadas influenciaram de maneira negativa tanto no plantio como no desenvolvimento das lavouras. As condições climáticas também foram determinantes para alguns produtores migrarem para outras culturas, contribuindo para a redução da área em relação ao levantamento divulgado em dezembro.
Outro importante produto para os brasileiros, o arroz tem uma estimativa de produção de 10,8 milhões de toneladas. Se por um lado os preços do grão foram incentivos para o aumento de área em alguns estados produtores, por outro, o atraso no plantio, o volume excessivo de chuvas ou de períodos de veranicos que ocorreram em regiões diversas, além das dificuldades nos tratos culturais, são variáveis para o registro de impactos desfavoráveis na produtividade.
Para o feijão é esperada uma estabilidade na produção, quando se compara com a safra passada, chegando a uma colheita de 3,03 milhões de toneladas. Porém, a implantação da primeira safra da leguminosa caminha para a conclusão e vem apresentando alterações negativas, devido à instabilidade do clima.
No caso do milho, a produção total está estimada em 117,6 milhões de toneladas, redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior. A queda é reflexo de uma menor área plantada e de uma piora na expectativa de rendimento das lavouras. A primeira safra do cereal, que representa 20,7% da produção, vem passando por situações adversas como, elevadas precipitações nos estados do Sul, baixas pluviosidades acompanhadas pelas altas temperaturas no Centro-Oeste. Segundo o boletim da Conab, para a segunda safra do grão, além de avaliar os custos, as decisões dos produtores dependem de fatores climáticos, de disponibilidade de janela para o plantio e dos preços de mercado.
Já para o algodão é esperado um crescimento na área cultivada de 6,2% sobre a safra 2022/23. Com a semeadura se aproximando de 32% no país, a área estimada em cerca de 1,77 milhão de hectares poderá variar, já que parte da área que deveria ser replantada com soja em Mato Grosso poderá ser utilizada com o plantio da fibra. Atualmente a projeção é de uma colheita de 3,1 milhões de toneladas de pluma.