A safra mato-grossense de grãos e algodão deve atingir 86,46 milhões de toneladas (t). O volume, se confirmado, será 14,4% inferior ao saldo recorde do ano passado, em 100,98 milhões t, e se revela o quinto corte seguido do ciclo 2023/24 ao estado, refletindo o clima seco que impactou diretamente no plantio da soja, e consequentemente, no estabelecimento da segunda safra de milho.
O recuo anual da safra mato-grossense tem a maior projeção de queda entre os principais estados produtores do país. A oferta nacional, por exemplo, deve recuar 6,3% em comparação com o ciclo anterior. Em outras palavras, a quebra de safra no estado se consolidada mês a mês e supera em quase duas vezes e meia a perspectiva para a média nacional.
Esses e outros dados fazem parte do 5º Levantamento divulgado ontem (8) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nessa projeção da safra nacional, a Conab mostra que a soja e o milho são as culturas de maiores cortes no estado: 15,3% e 15,2%, respectivamente. No levantamento anterior, a queda anual estava projetada em 11,8% para a soja e em 11,5% ao milho. Ainda no mês passado, a safra estadual estava projetada em 89,57 milhões de toneladas, o que mostra uma retração mensal de 3,37%.
A única reversão de cenário, até aqui, é do algodão. A projeção para o estado previa queda anual até o mês passado. A partir de agora há estimativa de positiva em aumentar a oferta da pluma em 3,5%. Ainda em relação à cotonicultura, chama à atenção a evolução da área plantada em mais de 13%, passando de 1,19 milhão ha para 1,34 milhão. Com essa expansão, a oferta da pluma aumentar em 3,5%, devendo somar 2,32 milhões t.
A soja tem o maior revés da safra mato-grossense. Deve somar cerca de 38,63 milhões t, 15,3% inferior as mais de 45,60 milhões t do ciclo passado. A retração na oferta se dá com um crescimento de área plantada de 0,4%, com a superfície cultivada passando de 12,13 milhões ha.
Já o milho deixa o recorde de mais de 50,73 milhões t da safra passada para colher algo em torno de 43 milhões t, redução de 15,2%. Por ser um cultivo de segunda safra e sofrer as consequências do andamento das lavouras de soja, a área reservada ao cereal é a que mais encolheu no estado nesta safra: -8,9%. O milho deixa a marca dos mais de 7 milhões há plantados para fazer cerca de 6,71 milhões ha.
Conforme a Conab, o comportamento climático nas principais regiões produtoras, sobretudo para soja e milho primeira safra, vem afetando negativamente as lavouras, desde o plantio. O atraso no plantio da soja possivelmente impactará no plantio da segunda safra de milho.
Desde que iniciou os levantamentos desta nova safra, a Conab vem mensalmente reduzindo as projeções para Mato Grosso, que mesmo com perspectiva de quebra, segue como o maior produtor nacional de grãos e fibra. Em outubro, Mato Grosso tinha projeção de colher 93,57 milhões t, em novembro a estimativa foi de 93,66 milhões t, em dezembro caiu para 92,7% e janeiro, 89,57 milhões t.
BRASIL – A colheita total de grãos na safra 2023/24 deve chegar a 299,8 milhões t. O volume é 6,3% inferior ao obtido na safra passada, o que representa 20,1 milhões de toneladas. Quando comparada com a primeira estimativa desta safra feita pela Conab, a atual projeção apresenta uma diminuição de 17,7 milhões de toneladas.
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A produção de soja estimada é de 149,4 milhões t, o que representa queda de 3,4% se comparado com o volume obtido no ciclo 2022/23. Já se for considerada a expectativa inicial desta temporada, a quebra chega a 7,8%, uma vez que a Conab estimava uma safra de 162 milhões t. O atraso do início das chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba, seguido por chuvas irregulares e mal distribuídas, com registros de períodos de veranicos superiores a 20 dias, além das altas temperaturas, estão refletindo negativamente no desempenho das lavouras.
Outro importante produto que tem estimativa de menor produção é o milho. A queda na safra total do cereal deve chegar a 18,2 milhões t, resultando em um volume de 113,7 milhões t. O cultivo de primeira safra do grão, que representa 20,8% da produção total, enfrentou situações adversas como elevadas precipitações no Sul do país e baixas pluviosidades no Centro-Oeste, acompanhadas pelas altas temperaturas, entre outros fatores.
Também é esperada uma queda na produção de feijão influenciada pelo clima adverso. A implantação da primeira safra da leguminosa caminha para a sua conclusão e vem apresentando alterações negativas devido às precipitações excessivas, atraso de plantio e ressemeaduras. A semeadura da segunda safra do grão já foi iniciada, especialmente na região Sul, porém o cenário geral é de atraso em razão da colheita da primeira safra estar atrasada. Mesmo assim, a Conab ainda estima uma safra de 2,97 milhões t de feijão no país.
O contexto do El Niño embora tenha afetado inicialmente a lavoura do arroz, não gerou perdas até o momento nesta safra. A produção está estimada em 10,8 milhões t, 7,6% acima da produção da safra anterior. Alta também para o algodão. A estimativa é que o país estabeleça um novo recorde para a produção da pluma, chegando a 3,3 milhões de toneladas. O preço da commodity e as perspectivas de comercialização refletiram no aumento de área de plantio, que apresenta crescimento de 12,8% sobre a safra 2022/23.