A diferença está cada vez menor, mas ainda será uma safra de perdas para Mato Grosso. A produção que chegou a ter estimativa de quebra de mais de dois dígitos deve encolher 9,3%, passando de 100,98 milhões de toneladas (t), recorde histórico atingido na safra 2022/23, para cerca de 91,55 milhões t para atual temporada (2023/24).
A projeção revisada faz parte do 10º levantamento de grãos, divulgado no final da semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Das três maiores cultura mato-grossenses – algodão, milho e soja – somente o algodão segue com números positivos em relação ao ciclo passado.
A oferta de pluma deve crescer 16,9%, chegando a 2,63 milhões t. Para a soja, carro-chefe da produção nacional, a projeção é de uma oferta de 39,34 milhões t, cerca de 13,7% inferior à colheita anterior de 45,60 milhões t.
O milho segunda safra, que também registrou produção recorde no ciclo 2022/23, deve sair de 50,73 milhões t para 46,61 milhões t, quebra anual de 8,1%.
O volume da produção brasileira de grãos deverá atingir 299,27 milhões de toneladas na safra 2023/24. O montante representa um decréscimo de 6,4% ou 20,54 milhões t a menos em relação ao ciclo anterior, porém ainda posiciona esta safra como a segunda maior já colhida no país.
De acordo com a estimativa, a pesquisa de campo, realizada no final de junho, indica uma variação positiva de 0,6% ou 1,72 milhão de toneladas em relação à pesquisa do mês anterior. O motivo foi o avanço da colheita das principais culturas, indicando recuperação na produção, sobretudo no milho segunda safra, gergelim e arroz. Por outro lado, houve redução no milho primeira safra, feijão, trigo, algodão e soja.
A quebra observada em relação ao ciclo passado, de acordo com o levantamento, deve-se sobretudo à intensidade do fenômeno El Niño, que nesta safra teve influência negativa no comportamento climático desde o início do plantio, chegando inclusive às fases de reprodução das lavouras de primeira safra plantadas até o final de outubro, nas principais regiões produtoras do país.
Com relação à soja, a estimativa de produção é de 147,34 milhões t, uma redução de 4,7% ou 7,27 milhões t sobre a safra anterior, com a colheita finalizada. Nesse resultado, destacam-se os estados de Mato Grosso, maior produtor de soja do país, com 39,34 milhões t e Bahia, com a maior produtividade, com 3.780 kg/ha. Já o milho tem produção estimada em 115,86 milhões t, incluindo as três safras. O volume é 12,2% ou 16,03 milhões de toneladas abaixo da safra 2022/23. O levantamento desta cultura mostra, no entanto, que as condições climáticas vêm favorecendo, com a maioria das lavouras em estágio de desenvolvimento vegetativo e fase reprodutiva.
A área cultivada total no país, com os produtos analisados, apresenta acréscimo de 1,5%, o que corresponde a 1,21 milhão de hectares a mais em relação à safra passada. Os maiores crescimentos são observados na soja, com 1,94 milhão de hectares, seguido do gergelim, algodão, sorgo, feijão e arroz. Já o milho total teve redução de 1,41 milhão de hectares, acompanhado pelo trigo e as demais culturas de inverno.
As culturas de inverno, que incluem trigo, aveia, canola, centeio, cevada e triticale, estão com o plantio em andamento. Especificamente para o trigo, as estimativas preliminares indicam uma produção de 8,96 milhões de toneladas, em uma área de 3,07 milhões de hectares.