O banco de vagas do Instituto Euvaldo Lodi de Mato Grosso (IEL MT) chegou a ter em julho mais de 2 mil vagas abertas. São ocupações para todos os níveis educacionais, inclusive oportunidade para aqueles que não possuem nenhuma experiência profissional. A demanda é tão latente que algumas empresas chegam a produzir menos que a sua capacidade por conta da falta de mão de obra.
Este cenário pode ser identificado pelos dados extraídos da Pesquisa Nacional da Análise de Domicílios (PNAD) e interpretados pelo Observatório da Indústria de Mato Grosso. Segundo o levantamento, o número de ocupados em Mato Grosso foi de 1.750 milhão no primeiro trimestre de 2023 frente a 82.989 mil de desocupados/desempregados no mesmo período do ano passado.
Dentre os ocupados, 885 mil trabalhadores estão no setor privado, 458 mil atuam por conta própria, 217 mil estão no setor público, 109 mil são empregadores, 18 mil desempenham funções auxiliares na família e o restante não foi incluído em nenhuma das categorias acima.
A superintendente do IEL MT, Fernanda Campos, relata que o número de trabalhadores que sai da formalidade para informalidade tem aumentado nos últimos anos, associado às expectativas de ganhos imediatos mais rápidos. Contudo, ela alerta que fazer esta mudança requer assumir riscos.
Além de ficarem descobertos dos direitos trabalhistas, os profissionais podem perder os benefícios que muitas empresas estão oferecendo para se tornarem mais atrativas como jornadas flexíveis e, em alguns casos, 14º e até 15º salário.
Ele lembra que outra realidade que se torna cada vez mais comum entre os empregadores é oferecer treinamento para o trabalhador. Uma estratégia que desponta e mostra que os contratantes querem o lucro, mas estão dispostos a investir em pessoas para manter o negócio funcionando e prosperando.
“Aqui em Mato Grosso, existe uma realidade diferente de outros estados do país. As oportunidades estão aumentando a cada ano e só fica sem emprego quem não pode por algum motivo ou tenha optado por ficar na informalidade. A alta demanda por funcionários é um reflexo da baixa densidade populacional de Mato Grosso, do crescimento econômico e do aumento da informalidade”, assegura.
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QUEM SÃO OS DESOCUPADOS EM MT? – No que diz respeito à desocupação, Mato Grosso registrou um total de 82.989 mil pessoas desempregadas no primeiro trimestre de 2023. Mais de 26 mil desocupados estavam na Baixada Cuiabana e 20 mil em Cuiabá. A desocupação é predominantemente feminina, com as mulheres representando 57% do total.
Comparado ao último trimestre de 2022, a desocupação teve um aumento significativo entre mulheres com ensino fundamental incompleto ou equivalente (189%) e entre homens sem instrução e com menos de 1 ano de estudo (139%).
RESUMO – Total de força de trabalho: 1,83 milhão
Total de ocupados: 1,75 milhão
Total de desocupados: + de 82 mil
RENDIMENTOS – O ganho médio real habitual de todos os trabalhadores em Mato Grosso teve uma queda de 3% em comparação com o último trimestre de 2022, passando de R$ 3.189 para R$ 3.095. No entanto, em relação ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 11%.
A desigualdade na distribuição dos rendimentos também foi analisada por meio do Índice de Gini, criado para mensurar a concentração de renda. Em Mato Grosso, o indicador passou de 0,440 no último trimestre de 2022 para 0,431 no primeiro trimestre de 2023, demonstrando uma queda na desigualdade. Nesse aspecto, 70,2% possuem carteira assinada e 50,4% estão no setor privado.
SETORES EM EXPANSÃO – O setor de bioenergia merece uma atenção especial no que diz respeito às tendências de expansão. Há uma ampliação das plantas, o que torna o ambiente auspicioso para quem procura um bom trabalho e uma oportunidade de crescimento. Há espaços para vários perfis de trabalhadores. Entre eles, os que têm uma formação rápida de um curso profissionalizante e os que investem em capacitações mais complexas e tecnológicas.
Os mais tradicionais geralmente são aproveitados em cargos de liderança. São pessoas que passam pelo ciclo mais conservador de formação e assim desenvolvem as habilidades de gestão.
No entanto, a superintendente alerta que nem sempre a empresa busca um talento fora do quadro de funcionários. Às vezes, a melhor opção é capacitar alguém que já é contratado e está habituado à cultura empresarial do lugar. “Mas, neste caso, é preciso investir em treinamento porque nem sempre um bom operacional torna-se um bom gestor sem preparação adequada”, afirma.
Existe ainda uma grande gama de vagas para pessoas consideradas multitaferas, principalmente no setor administrativo, que precisa de profissionais facilmente adaptáveis às mudanças nos processos e que possam desempenhar papéis diferentes em diversos setores da empresa.