O término da colheita das culturas de segunda safra, em especial o milho, refletiu nos preços de frete de grãos. Em Mato Grosso, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul, importantes produtores do cereal na segunda safra, registraram queda nas cotações em agosto para os serviços de transporte de grãos na maioria das rotas analisadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É o que mostra a edição de setembro do Boletim Logístico divulgado pela estatal.
“A produção recorde de milho na temporada 2024/25 aumenta a necessidade de dar vazão célere ao escoamento da safra, o que refletiu nos preços dos fretes rodoviários, que apresentaram seu momento de pico em julho”, lembra o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. “De modo geral, ainda que os preços tenham caído em boa parte das rotas estaduais em agosto, o patamar de preços de frete é superior ao registrado no mesmo momento na safra passada, em uma conjuntura de aquecimento logístico. E a tendência é de persistência de um certo suporte aos preços para os próximos meses, como decorrência deste cenário de oferta elevada e demanda dinâmica e mais cadenciada ao longo dos meses, com a atuação de players tanto externos quanto internos, na área de alimentação animal e bioenergia”, pondera Guth.
DETALHAMENTO – Em Mato Grosso, os preços começaram a desacelerar em agosto com o término dos trabalhos de colheita do milho. A colheita desta commodity teve início em maio, se intensificou em meados de junho e, em julho, observou-se o momento de maior concentração nos trabalhos, com cerca de 60% do milho estadual colhido.
Já em agosto houve finalização das atividades, com a conclusão do saldo remanescente pouco inferior a 10% da área total.
Merece destaque a magnitude da safra, a maior da série histórica estadual, com produção superior a 53 milhões de toneladas apenas de milho da segunda safra. A injeção repentina de elevada oferta acarretou a elevação e saturação da capacidade estática estadual, a ocorrência de milho armazenado a céu aberto ou em silos bolsa, em um processo que vem já ocorrendo ao longo dos últimos anos. “Diante desse fato, aumentou-se a necessidade de dar vazão célere ao escoamento da safra, o que refletiu nos preços dos fretes rodoviários, que apresentaram seu momento de pico em julho. É importante destacar que, em agosto, ainda que os preços tenham caído em boa parte das rotas estaduais, as cotações estão em patamar superior ao registrado no mesmo momento na safra passada, em uma conjuntura de aquecimento logístico”, destaca o Boletim para Mato Grosso.
“Outro ponto a se observar: o fato de que os tiros mais longos para portos como Santos – SP e Paranaguá –PR obtiveram as maiores quedas, enquanto tiros mais curtos como para terminais ferroviários, assim como trajetos envolvendo o Arco Norte apresentaram movimento entre quedas mais moderadas ou proximidade à estabilidade. Esse fenômeno reflete tanto a transformação do perfil do escoamento regional, que tem se deslocado dos eixos tradicionais como os portos de Santos e Paranaguá para os transbordos e para portos como Santarém e Barcarena no Pará, quanto a própria necessidade de se dar solução logística à enorme quantidade colhida em 2025, na medida em que se busca roteiros logísticos com menor tempo total de viagem, menor saturação e maior giro”, apontam os analistas da Conab.
Com a maior demanda por transporte para os portos do Pará, além da crescente participação destes nas exportações estaduais e nacionais, verifica-se uma maior sustentação nos preços relacionados ao transporte rodoviário envolvendo esse eixo de escoamento. Para garantir um maior giro e elevar a eficiência, pontos de transbordo também têm sido uma excelente alternativa de escoamento e, neste contexto de elevada cadência, alguns trajetos desta natureza não registraram declínio nas cotações, ou então apresentaram queda moderada.
De modo geral, o patamar de preços é elevado, mesmo com as quedas do último mês diante deste cenário de grandes safras de soja e de milho colhidas em 2025, de elevada soma de produto ainda a ser comercializada e escoada e de dinamização no mercado de milho com demanda tanto externa quanto interna pelo produto estadual. A tendência é de persistência de um certo suporte aos preços para os próximos meses, como decorrência deste cenário de oferta elevada e demanda dinâmica e mais cadenciada ao longo dos meses, com a atuação de players tanto externos quanto internos, na área de alimentação animal e bioenergia.
“Com o desenvolvimento do mercado de milho há um maior leque de agentes de mercado com distintas estratégias de atuação, o que resulta em movimentação da commodity em momentos distintos, reduzindo a volatilidade no mercado de fretes rodoviários e suavizando a curva no que se refere a oscilações de mercado. Desta forma, as perspectivas são, a grosso modo, de manutenção na cadência relevante de transporte e de patamares relativamente consistentes de preços de fretes rodoviários”, pontuam.
EXPORTAÇÕES DE MILHO E SOJA – Os embarques de milho em agosto deste ano atingiram 17,9 milhões de toneladas, contra 15,7 milhões em igual período de 2024. Os portos do Arco Norte seguem como o principal eixo de escoamento do cereal, representando 39,8% da movimentação. Na sequência, o porto de Santos escoou 29,6% do grão embarcado, o porto de São Francisco do Sul 11,6%, enquanto que pelo porto de Paranaguá foram registrados 11,4% dos volumes embarcados e pelo porto de Rio Grande foram expedidos 5% do milho vendido ao mercado externo.
Já as exportações de soja em grãos atingiram no período de janeiro a agosto de 2025 chegaram a 86,5 milhões de toneladas, contra 83,4 milhões de toneladas em igual período do ano passado. Pelos portos do Arco Norte foram expedidos 37,5% das exportações nacionais, enquanto que por Santos foram escoadas 34,2%. Os embarques da oleaginosa pelo porto de Paranaguá totalizaram 12,9% do montante nacional e pelo porto de São Francisco do Sul foram escoadas 5,2%, contra 6,5% do ano anterior.
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