A China está em constante ascensão econômica. Atualmente, do total de 1,4 bilhão de habitantes, 400 milhões são da classe média, com uma renda de 15 mil a 390 mil dólares por ano. Contudo, mesmo com uma extensa gama de consumidores, o país não consegue suprir a demanda de alimentos com o que é produzido em seu território.
Por isso, a China tende a importar, por exemplo, grãos, carnes e laticínios de outros países. Conforme explicou durante o webinar realizado pelo Governo de Mato Grosso, na última sexta (26), a assessora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec-MT), em missão na China, Ariana Guedes, o país é o maior parceiro comercial de Mato Grosso, tendo o agronegócio como atividade dominante nessa relação. O MT Econômico preparou uma matéria especial sobre o evento online “Oportunidades para o Agronegócio na China” e traz os principais pontos abordados a seguir.
“Mesmo com o fortalecimento das relações comerciais ao longo dos anos, existem alguns fatores, como a diferença cultural, a distância geográfica, o idioma, a legislação, entre outros, que acabam dificultando a nossa comunicação. No entanto, existem muitas oportunidades a serem desenvolvidas e exploradas visando a dinamização e diversificação do comércio e cooperação entre regiões”, pontuou Adriana Guedes.
Mercado online
De acordo com Rafael Fraga, consultor de Negócios Internacionais da CW CPA, empresa de consultoria e contabilidade com escritórios na China continental e Hong Kong, o comércio online e internet são fortes aliados dos chineses. Ele explicou durante o webinar que, pela cultura ser diferente, os hábitos de consumo também são distintos.
Até mesmo nas redes sociais, aplicativos utilizados pelos habitantes do país não são os mesmos utilizados no Brasil. Na hora de negociar o produto a ser exportado, chineses tendem a querer de relacionar de forma mais intimista com o exportador e questionar, por exemplo, sobre questões familiares. Por isso, empresas brasileiras interessadas em exportar para o país devem estar alinhadas com as tendências locais.
“Começar um negócio na China não é a mesma coisa que começar um negócio nos Estados Unidos. Para fazer isso na China é preciso muito mais planejamento. O primeiro obstáculo é o idioma. Ou você vai ter que falar mandarim ou vai ter que conhecer algum estrangeiro que fale mandarim. Antes de fechar qualquer coisa, é importante ter conhecimento da cultura deles e respeitá-la”, afirmou.
No mesmo sentido, a analista da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Ana Claudia Barbosa, que também participou do webinar, destacou que é importante estudar e analisar o mercado antes de iniciar a exportação. Por isso, é necessário a tomada de uma decisão estratégica. Isso significa conhecer o país, a estrutura, ter ciência sobre os concorrentes no país e ter planejamento e preparação.
“A China é extremamente tecnológica na questão online. Não é fácil, mas é maravilhoso para quem tem estrutura adequada para vender online. Então se você deseja vender para o mercado chinês, coloca o online no seu plano, na sua estratégia. Se você é uma empresa brasileira que já está no comércio online no Brasil é bom, se está no comércio online para outro país é melhor ainda, porque você já está mais avançado para o mercado chinês”, pontuou.
Caminhos para negociar com a China
Rafael Fraga ainda listou 4 caminhos para quem deseja iniciar negócios com o país. O primeiro deles, e menos recomendado, é negociar diretamente com a empresa chinesa para comprar seus produtos. Contudo, ele alertou que é o mais difícil, a não ser que você já tenha uma empresa grande e que já tenha o hábito de exportar para a China.
O segundo caminho, de acordo com ele, é o mais popular. Por meio das trading companies também é possível comercializar seus produtos. Essas empresas são especializadas em exportações e tendem a negociar o produto dentro do mercado chinês. Contrapartida, contudo, é uma comissão muito alta.
“O terceiro caminho é abrir empresa dentro da China para vender seus produtos. A possibilidade de expansão e marketing gera mais confiança para fazer negócios com a empresa chinesa. Estando dentro do próprio país a segurança jurídica é muito alta e há vantagens tributárias”, explicou.
O quarto caminho é o denominado cross-border commerce, em que o produto é vendido exclusivamente de forma online. O consultor explicou que metodologia, contudo, é um pouco mais nova e tem 7 anos de funcionamento na China. Nesse formato, as marcas podem chegar diretamente aos consumidores chineses sem precisar de intermediários.
Relação Mato Grosso e China
A China possui 18,53% da população do mundo, sendo o principal cliente de Mato Grosso nas exportações do agronegócio, vocação econômica do Estado. Em 2020, foram exportados ao país asiático US$ 67,8 bilhões em mercadorias do Brasil, desses US$ 5,45 bilhões são oriundos de Mato Grosso.
Segundo informado pela Sedec-MT, no ano passado, 29,9% das exportações mato-grossenses foram para os chineses e 12% é a participação do país asiático na pauta de importações do estado. Soja em grão, carne, algodão e produtos florestais são os principais itens produzidos em território mato-grossense vendidos para os chineses.
O secretário César Miranda, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), disse no evento online que Mato Grosso pode ampliar a base de diversificação dos produtos exportados.
“Podemos aumentar e diversificar nossos negócios. Já temos potencial na área de commodities e podemos vender para China produtos manufaturados, ou seja, com valores mais agregados, que gerarão mais valor à nossa agropecuária, fomentará a novas vagas de emprego e pulverizará a economia com maior distribuição de renda a todos os mato-grossenses”, afirmou o secretário.