Dos antigos engenhos que funcionavam como fábricas de açúcar, a uma indústria com produção diversificada de bioenergia. O cenário da agroindústria de Mato Grosso sofreu uma grande evolução com o passar dos anos. O plantio de cana-de-açúcar, que começou no Estado em meados de 1735, ganhou forças com a agregação de valor na produção de biocombustível. Mas as indústrias mato-grossenses foram além, e se tornaram importantes indústrias de bioenergia, passando a contar também com o milho para produzir etanol e outros produtos.
Em 2017, chegou a Mato Grosso, a primeira produtora de etanol 100% de milho. Com ela e com uma nova tecnologia, também despontaram os produtos derivados desse processo como os DDGs (Grãos Secos de Destilaria), utilizados para nutrição animal, óleo de milho e energia elétrica.
Hoje o Estado já é o maior produtor de etanol de milho do País e, somado a produção de etanol de cana de açúcar, já ocupa a terceira posição no geral, ficando atrás somente de São Paulo e Goiás. A cana não foi deixada de lado. O produto também gera produtos importantes para o fortalecimento da economia circular do setor, como cogeração de energia, biogás, levedura seca e biofertilizantes.
Para se ter noção, a produção de etanol em Mato Grosso ultrapassou 4 bilhões de litros sustentada principalmente pelo aumento da produção de etanol de milho, que responde por cerca de 75% da produção de etanol do Estado.
“Com todos esses avanços no cenário industrial, o setor trouxe evolução para o Estado, com agregação de valor, geração de emprego e uma economia circular e renovável que têm desenvolvido outras cadeias ao seu redor”, pontuou o presidente do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso (Sistema Fiemt) e presidente das Indústrias de Bionergia de Mato Grosso (Bioind), Silvio Rangel. Ele ainda pontua que o Estado tem se tornado referência em novas tecnologias para geração de energia renovável, em uma indústria circular.
No biodiesel, Mato Grosso ocupa a segunda colocação em volume de produção e primeiro em quantidade de usinas, com produção diversificada entre pequenas, médias e grandes usinas, o que traz maior capilaridade criando emprego e renda em diversas regiões do Estado.
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A crescente produção agrícola trouxe disponibilidade de matéria- primas para a produção deste biocombustível como soja, algodão, sebo bovino, entre outros. Atualmente, há no Estado 16 usinas de biodiesel que têm capacidade autorizada de produção anual de 2,897 bilhões de litros.
A produção de etanol em Mato Grosso pode chegar a 5,3 bilhões de litros na safra 2023/24, um crescimento de 23% na comparação com a safra 2022/23. Já a produção de biocombustível (etanol de milho), que chegou a 3,2 bilhões de litros na safra 2022/23, pode chegar a 4,2 bilhões de litros no ciclo 2023/24.
O Estado deve produzir ainda 1,8 milhão de toneladas de DDGs e 522 mil toneladas de açúcar, com uma moagem de 16,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
DISCUSSÕES – O novo desafio do setor de bioenergia é encontrar caminhos para desenvolver e impulsionar um futuro sustentável. Há nove anos, o setor se reúne para debater temas relacionados à produção de etanol, com a realização do Encontro Sucroenergético de Mato Grosso. Nesse ano, se mobilizaram para o 1º Encontro Nacional de Inovação das Indústrias de Bioenergia, nos dias 24 e 25 de agosto.
“É uma oportunidade para destacar a importância do setor, debatendo vários temas que envolvem essa cadeia, como a sustentabilidade, o bem-estar e segurança no trabalho, a inovação nas áreas industrial e agrícola e técnicas inovadoras”, pontuou o presidente do Sindicato das Indústrias do Biodiesel no Estado de Mato Grosso (SindiBio/MT), Rômulo Morandin.