O turismo rural tem sido alternativa para geração de renda no interior de Mato Grosso. Embora o setor turístico tenha sido afetado como um todo, trazemos para vocês algumas histórias que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) vivenciou e que podem servir de inspiração para demais pessoas que querem encontrar uma alternativa de renda, mesmo com a adversidade da pandemia.
Nascida e criada no campo, Derzina Oliveira de Paula, 53, somente se deu conta do potencial turístico do sítio em que morava após realizar um curso de Turismo Rural. O conhecimento foi a chave para a mudança de vida e há três anos ela trocou o restaurante arrendado para abrir o seu próprio ponto turístico: um camping balneário em Chapada dos Guimarães.
"Não tinha ideia de que eu poderia sobreviver com aquilo que eu já possuía no sítio". Atualmente, o Camping Balneário da Deuza consiste em um restaurante de comidas regionais, café da manhã caipira, área verde e acesso a rio.
A criação de um balneário também foi a escolha de Maria Aparecida de Oliveira, 65, há 10 anos. A ex-líder rural também participou de capacitação em turismo rural, antes de decidir empreender no Balneário Lago Azul em Mirassol D'Oeste.
Apesar de não ter sido o principal motivador para a mudança de profissão, Maria acredita que os conhecimentos aprendidos nas formações auxiliam a atual rotina. "A gente aprende muito sobre como lidar com o cliente e como receber bem as pessoas. Eu fui para o ramo do empreendedorismo e alguns colegas de curso comercializam produtos artesanais até hoje".
De acordo com o turismólogo e instrutor credenciado junto ao Senar-MT, Adelaido de Azevedo, além das belezas naturais é possível realizar turismo apenas oferecendo as vivências do campo aos visitantes.
"Para os moradores é tudo tão normal que eles não percebem que podem melhorar a renda, fornecendo aos turistas os artesanatos confeccionados, os doces de frutas da região, fazendo um almoço com galinha caipira, entre outras atividades comuns para quem é do campo, não da cidade."
Expectativa pós-pandemia
O setor de turismo foi um dos grandes afetados pela pandemia da Covid-19 e os profissionais da área procuram capacitação para se reerguer. Dentre eles está o estudante de biologia Lucas Ferreira, 23, que trabalha no Museu de História Natural de Alta Floresta. O atrativo está fechado por conta da pandemia e o profissional aproveitou o tempo para se capacitar em treinamento realizado nos dias 10 e 11 de setembro. "O município é muito forte no turismo de observação e a qualificação tem impacto positivo no meu currículo e no meu conhecimento".
Em Reserva do Cabaçal estavam previstos treinamentos em turismo rural para 2020, mas por conta das restrições ainda não há previsão de novas datas. A presidente do Sindicato Rural de Araputanga, Maria das Dores de Souza, mais conhecida como Dorinha, responsável pelo município vizinho – acredita que após a crise, o turismo seja retomado com força. "Por enquanto o setor está parado, mas a região tem potencial e a qualificação vai melhorar a renda dos moradores".
Pós-pandemia, Vitória Kwiecinski pretende criar uma agência de turismo com a família na comunidade de Bauxi, em Rosário Oeste. Enquanto o projeto não se concretiza, a jovem presta serviço como condutora de turismo para pousadas e agências locais, que retomam as atividades gradualmente. "Conduzo os turistas até os atrativos e apresento a cultura da comunidade".
Leia mais: Com pandemia, algodão é comercializado no valor abaixo do esperado em Mato Grosso