Nesta segunda-feira (24/04) foi assinado o documento com as propostas do Fórum Agro MT e Governo do Estado que reivindica melhorias para o setor do agronegócio de Mato Grosso no próximo plano safra, por meio do Plano Agrícola Pecuário (PAP) 2017/18 que se adequa ao cenário econômico atual. O documento será entregue nesta terça-feira (25/04) ao Ministro da Fazenda em Brasília.
“A proposta não é apenas de uma entidade ou do setor do agronegócio e sim do estado de Mato Grosso. A Secretaria Adjunta de Agricultura, comandada pelo Secretário Alexandre Possebon e vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado participou ativamente das discussões e elaboração desse projeto. Isso mostra que trabalhamos de forma alinhada para que os esforços privado e público caminhem na mesma direção”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Ricardo Tomczyc.
Entre as principais reivindicações do setor estão a flexibilidade na concessão de financiamentos rurais, redução dos juros acompanhando a queda da taxa selic e um novo plano de armazenagem, principalmente pelo déficit de quase 35 milhões de toneladas existente no estado, quase a metade da produção.
Devido à seca do ano passado não apenas a soja e o milho foram afetados, mas também os pastos, que foram degradados pela situação adversa. “Está difícil o pecuarista investir nessas circunstâncias, por isso o produtor precisa de maior carência e fôlego para que retomem suas propriedades às condições normais de produtividade”, ressaltou Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja-MT.
Apesar das circunstâncias políticas serem favoráveis para o setor do agronegócio, que possui membros do estado de Mato Grosso no governo federal como Blairo Maggi no comando do Ministério Agricultura e Neri Geller como Secretário de Políticas Agrícolas, o documento que recomenda os ajustes do Plano Agrícola Pecuário 2017/18 passará pela aprovação do Ministério da Fazenda.
Embora seja prevista uma super safra no estado, a aprovação dos ajustes solicitados é importante para que o setor não entre em crise. Grande parte da riqueza de Mato Grosso e movimentação das cadeias produtivas são provenientes do agro, mesmo assim o setor também enfrenta suas dificuldades.
O presidente do Fórum Agro MT e da Famato, Normando Corral, lembrou que a próxima safra de grãos no Brasil está estimada em 230 milhões de toneladas, sendo que 75% do total serão produzidas por cinco estados, entre eles Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. “Esses estados possuem boas condições de logística e proximidade aos portos exportadores. Já o estado de Mato Grosso tem sérios problemas para escoamento da safra e dificuldades para armazenagem de grãos. A nossa vocação aliada a produção agropecuária e a extensão territorial faz com que a gente tenha importância no contexto nacional para solicitar os ajustes propostos no Plano Agrícola e Pecuário” ressaltou Normando.
“Queremos ser um país desenvolvido mas até hoje a BR 163 não foi finalizada. Isso já percorre por 20 anos”, lembrou Endrigo Dalcin sobre a dificuldade logística que Mato Grosso enfrenta.
O Mato Grosso Econômico questionou sobre a situação que o país enfrenta com as reformas necessárias e se uma possível taxação do agronegócio poderia fazer com que o setor entrasse em crise. O presidente da Aprosoja Endrigo Dalcin respondeu que não há mais espaço para essa possibilidade acontecer, visto que já foi comprovado por inúmeros estudos que isso não é viável. “Estamos trabalhando também em conjunto com o estado para que o governo federal repasse de forma correta a compensação do FEX, que é um fundo que reembolsa parte da desoneração das exportações devido a lei Kandir. Hoje em dia não é repassado os valores devidos e nem honrada as datas de pagamento, portanto o estado fica refém dessa compensação. Estamos trabalhando com a Frente Parlamentar do Agronegócio para que isso regularize e vire lei” destacou Endrigo.
O presidente da Aprosoja lembrou também da contribuição que o setor já oferece por meio do Fethab, sendo que alguns estados que também são exportadores não disponibilizam esse recurso complementar. “Se houvesse taxação do agro o efeito seria o inverso e teria redução na produção. Hoje o produtor já é penalizado com o alto custo do frete. O milho em Sorriso custa R$ 13 reais e para levar ao porto de Santos custa R$ 17 reais,” exemplificou Endrigo.
Em Mato Grosso a taxação do agronegócio não faz parte da pauta, pois o governo entende a situação dos produtores. O secretário de Desenvolvimento Econômico Ricardo Tomczyc lembrou que existem duas preocupações em relação à taxação. Uma delas é a recomposição do FEX, onde todo ano o governo luta incansavelmente para conseguir os recursos devidos junto ao governo federal. A outra questão é em relação à taxação do agronegócio para equilibrar a previdência, que já foi citada como uma possibilidade no cenário nacional e isso é um absurdo e preocupante” destacou Ricardo.
Estiveram presentes na reunião de assinatura das reivindicações do Plano Agrícola Pecuário 2017/18 o presidente do Fórum Agro MT e da Famato Normando Corral, os presidentes da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) Endrigo Dalcin, Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) Marco Túlio, da Associação dos Criadores de Suíno (Acrismat) Raulino Teixeira Machado, da Associação dos Produtores de Algodão (Ampa) Alexandre Pedro Schenkel e o vice-presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) Carlos Ernesto Augustin.