O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) acaba de apresentar os resultados do custo de produção e a rentabilidade das principais cadeias produtivas de Mato Grosso para a safra 2023/24. Os dados são oriundos do projeto Rentabilidade no Meio Rural em Mato Grosso, realizados pelo Imea juntamente com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MT), com apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em sua 8ª edição, o projeto Rentabilidade no Meio Rural em Mato Grosso, produz dados de análise de mercado e resultados econômicos da agricultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, suinocultura, piscicultura, gergelim, feijão, cana-de-açúcar e eucalipto.
Os custos de produção e rentabilidade são resultados do acompanhamento dos painéis modais realizados in loco com os produtores rurais todos os anos, nas principais regiões do Estado. “O objetivo é servir de parâmetro econômico, de modo a subsidiar a tomada de decisão do produtor rural e os agentes de mercado, além de incentivar a adoção de novas tecnologias e sistemas de produção eficientes”, pontuou o superintendente do Imea, Cleiton Gauer.
Em relação à agricultura (soja, milho e algodão), os dados apresentados dizem respeito à oferta e demanda, evolução da comercialização e dos preços, custo de produção e receita bruta, comercialização de insumos, relação de troca com insumos e ponto de equilíbrio e rentabilidade.
Quanto à bovinocultura de corte e de leite, foram apresentados dados relacionados à distribuição e evolução do rebanho, abate de bovinos, intenção de confinamento, exportação e principais destinos da carne, captação de leite, custo de produção e lucratividade.
No que tange à suinocultura, piscicultura, gergelim, feijão, cana-de-açúcar e eucalipto foram apresentados informações como: comparativo de abate de suínos, exportação de carne suína, custo de produção e análise de rentabilidade.
ANÁLISE – Ao analisar as despesas relacionadas à agricultura (soja, milho e algodão), é possível constatar que o custo operacional efetivo da safra 2022/23 representou o maior valor consolidado dentre os registros do Imea. Por outro lado, as projeções para a safra 2023/24 indicam uma redução nas despesas para as culturas de soja e algodão, com queda de 8,95% e 22,85% no COE, respectivamente.
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Essas diminuições nos custos são reflexo da redução mais significativa nos preços dos fertilizantes utilizados na oleaginosa e na pluma. Quanto ao milho, a estimativa de julho/23 apresentou um aumento de 3,79% em relação ao consolidado da safra 2022/23. “No entanto, é importante ressaltar que as aquisições de insumos ainda não foram finalizadas no Estado, o que pode resultar em uma diminuição dessas estimativas até o fechamento em dezembro/23. Já no caso do milho, o aumento no custo está relacionado a maiores investimentos na lavoura, que elevaram os gastos com defensivos, sementes e outros custos. Apesar das perspectivas de redução no custo de produção para a próxima temporada, o que proporcionaria algum alívio financeiro aos produtores mato-grossense, os preços das commodities estão gerando preocupações em relação à rentabilidade. Isso ocorre devido alta oferta do produto, onde os valores negociados têm se mostrado abaixo do esperado”.
Com o ciclo da pecuária em seu ciclo de baixa, o abate de Mato Grosso no primeiro semestre de 2023 cresceu 22,86% em relação ao mesmo período de 2022. Com esse crescimento e o maior abate de fêmeas, é notável que está sendo realizado o descarte de matrizes, que de modo geral são animais mais velhos. Porém mesmo com a alta no abate, a rentabilidade do produtor vem sendo afetada pela redução no preço de venda do boi gordo e do bezerro, o que junto com os altos custos de produção reduziu a lucratividade do bovinocultor do Estado, independente do sistema de produção utilizado.
“Para o produtor de leite mato-grossense a situação mostra-se semelhante, com a lucratividade em 2023 reduzindo em 19,02% ante ao ano de 2022, totalizando R$ 2.186,30/ha. Ainda que esse valor pareça alto, é importante ressaltar que os produtores de leite possuem pequenas produções, então quedas muito grandes podem afetar negativamente a atividade no Estado”.
“O Imea é, hoje, um instituto muito demandado não só dentro de Mato Grosso, mas em nível de Brasil e até internacionalmente. Nós sabemos o quanto as pessoas, empresas e órgãos relacionados ao agro querem saber o que o Imea tem a mostrar”, disse o diretor de Relações Institucionais da Famato, Ronaldo Vinha, durante a abertura do evento.