O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apresentou resultados do projeto Rentabilidade no Meio Rural, uma análise de mercado e resultados econômicos da agricultura e pecuária e de outras culturas desenvolvidas em Mato Grosso. Os dados foram apresentados durante uma live, na última sexta-feira, mediada pela coordenadora de Inteligência de Mercado do Imea, Monique Kempa.
O projeto é realizado pelo Imea, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MT) e Embrapa Agrossilvipastoril, desde 2013, nas propriedades rurais chamadas de Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTE´s), localizadas em diversas regiões de Mato Grosso.
O trabalho concentra a elaboração de estudos de viabilidade técnica e econômica de diferentes modelos e sistemas de produção. “É um projeto estratégico e os resultados subsidiam os produtores rurais na tomada de decisão”, afirmou o presidente do Sistema Famato, Normando Corral.
A responsável pela Rentabilidade Agrícola do Imea, Milena Habeck, apresentou na live uma introdução sobre o projeto, metodologias do painel modal, do custo de produção, assim como levantamentos de dados e validação de resultados, Lajida (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) e outros. Em seguida fez a análise de mercado e resultados econômicos da agricultura.
Em se tratando de oferta e demanda da soja no Estado, Milena mostrou que a projeção para a safra 2022/23 é de produção recorde, estimada em 41,51 milhões de toneladas, sendo 1,62% maior ante a safra 2021/22. Em relação à demanda, está prevista uma alta de 5,87% nas exportações, estimada em 25,78 milhões de toneladas.
As vendas das safras 20 21/22 e 2022/23 atingiram 83,93% e 25,51%, respectivamente em julho de 2022. Houve uma queda no preço da soja e há incerteza quanto a produção da safra 2022/23, o que tem dificultado o avanço dos negócios em Mato Grosso. A safra 2022/23 teve o maior custo já registrado pelo Imea.
Segundo Milena, a comercialização de insumos da safra 2022/23 começou adiantada, no entanto, devido à alta nos preços dos fertilizantes e a relação de troca desfavorável, as negociações dos adubos seguem atrasadas.
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Resumo dos resultados:
Milho – O Imea apontou uma alta de 20,24% na produção da safra 2021/22, em relação ao ciclo passado. Falando no consumo, a maior demanda deve ser para a exportação que pode crescer 61,80% nessa temporada.
A antecipação dos trabalhos à campo com a semeadura pautaram o adiantamento da colheita do cereal na safra 2021/22, que foi encerrada na última sexta-feira (19/08). No que tange à produtividade, a estimativa média estadual aponta 102,10 sacas por hectare.
As negociações para as vendas das safras 2021/22 e 2022/23 estão atrasadas em comparação às safras anteriores. Capitalizado, o produtor está aguardando um melhor cenário de preços para negociar.
Algodão – A estimativa para a safra 2021/22 é de 1,95 milhão de toneladas, sendo 16,93% maior que a da safra 2020/21. Também está previsto uma elevação de 19,88% nas exportações, estimada em 1,47 milhão de toneladas.
Até o dia 19 de agosto deste ano, 89,56% das áreas estimadas para a safra 2021/22 do algodão já foram colhidas no Estado. A produtividade para a safra 2021/22 está estimada em 265,29 arroba por hectare de caroço de algodão.
As vendas das safras 2021/22 e 2022/23 atingiram 77,89% e 43,07%, respectivamente, em julho de 2022. A menor produtividade da safra 2021/22 e a desvalorização no preço da pluma, tem dificultado novos negócios.
Pecuária – O pesquisador de Rentabilidade da Pecuária do Imea, Emanuel Salgado, apresentou análises de mercado e os resultados econômicos da bovinocultura de corte, leite, aves e suínos.
Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT), Mato Grosso conta com um rebanho de 32,77 milhões de cabeças.
Abate – No primeiro semestre de 2022, o abate foi 0,90% maior ante o mesmo período em 2021. O maior abate de fêmeas, no mesmo semestre de 2022, já está 12,77% mais elevado em relação ao ano anterior. A tendência no Estado é enviar cada vez mais animais jovens para o abate. No entanto, devido ao maior descarte de fêmeas, o volume de animais com mais de 46 meses aumentou 8 pontos percentuais.
O pesquisador mostrou ainda o destino do gado mato-grossense. As exportações bateram novos recordes em volume e em faturamento, 0,27 milhões de toneladas e 1,25 bilhão de dólares no 1º sem.22, respectivamente.
Custo de produção – A pecuária de cria apresentou aumento no custo de produção. Entretanto, houve uma redução no preço médio do quilograma de bezerro que de 2021 até junho de 2022 caiu 14,81%. O ciclo completo foi o que apresentou menor aumento em 7,25%. Isso ocorre devido ao menor gasto com a compra de animais.
Pecuária de Leite – A quantidade de vacas ordenhadas tem caído em Mato Grosso. Em 2020, atingiu a mínima histórica de 390 mil cabeças. O número de fêmeas abatidas até julho de 2022 está apenas a 28,14% do total de 2021, o que pressiona o número de vacas ordenhadas.
Além da queda de vacas ordenhadas, a captação de leite tem diminuído no Estado. Comparando a captação até junho de 2022 ante a junho de 2021, é possível observar uma queda de 24,77% no volume captado. O custo de produção também aumentou em relação aos anos anteriores. O item que mais pesou no bolso do produtor foi a suplementação que aumentou em 1,30 pontos percentuais.
Apesar do aumento em 62,11% no preço pago ao produtor, a lucratividade da atividade apresentou queda de 15,13% em 2022 ante 2021.
Suinocultura – Os produtores de suínos têm saído da atividade e em 2022 o número de animais do rebanho tende a cair, devido ao alto custo de produção. O custo com ração é o que mais está impactando o produtor e, em consequência, o abate de animais em 2022 já aumentou em 0,77%. Ocorreu ainda um maior abate de fêmeas (2,82%) no primeiro semestre ante o mesmo período de 2021, no intuito de reter o rebanho. O preço pago pelo quilo de carne diminuiu, o que tem desestimulado os produtores a continuarem na atividade.
Outras culturas – O pesquisador de Sistemas Integrados e Outras Culturas do Imea, Miquéias Michetti, exibiu os resultados e estimativas para a piscicultura, cana-de-açúcar, gergelim, feijão e eucalipto.
Piscicultura – Apesar do aumento dos custos, a piscicultura apresentou melhora na rentabilidade. Houve valorização de 61% no preço dos bagres de couro e de 84% nos peixes redondos.
Cana-de-açúcar – Os custos de produção estão elevados, insumos e operações estão impactando fortemente a rentabilidade. Houve queda nos preços futuros do açúcar e preço doméstico do etanol.
Gergelim e feijão – O setor de pulses apresenta estabilidade. Os estoques mais ajustados e a demanda externa ainda estão aquecidos.
Eucalipto – Apesar do aumento dos custos, a demanda segue aquecida no médio prazo com redução dos estoques. A demanda aquecida por biomassa, para as agroindústrias, tem mantido os preços em patamares que permitem uma melhor rentabilidade ao produtor de eucalipto.
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