A produção de tortas, bagaços e farelos da extração do óleo de soja, inclusive cascas, palhas e outros resíduos, não está entre as maiores atividades da indústria brasileira em 2020, ficou apenas em 6º lugar, no entanto, esse segmento de produção é o de maior destaque, no período, pelo parque fabril de Mato Grosso. O Estado que é o maior produtor de soja do País, registrou receita líquida de R$ 9,88 bilhões, a maior no segmento.
Além das indústrias voltadas ao beneficiamento da soja, a produção industrial mato-grossense se destacou na geração de receita no segmento de carnes de bovinos frescas ou refrigeradas. Também liderando a oferta nacional de bovinos, o Estado surge com a segunda melhor movimentação, totalizando R$ 11,64 bilhões, atrás de São Paulo, cujo faturamento líquido foi de R$ 13,84 bilhões. Na produção de álcool etílico (etanol), destinado para ser adicionado à gasolina, Mato Grosso somou receita líquida de R$ 2,63 bilhões, a quinta do segmento no País e na produção de adubos ou fertilizantes com nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), o Estado contabilizou a quarta maior receita: R$ 4,29 bilhões.
Ainda que a agroindústria tenha tido avanço em 2020, com destaque para o parque industrial do Centro-Oeste, o minério de ferro foi o principal produto industrial do País, conforme Pesquisa Industrial Anual (PIA) Produto 2020, divulgada pelo IBGE essa semana. Os dez principais produtos e/ou serviços industriais foram responsáveis por 20,9% da receita líquida de vendas (RLV) na indústria (R$ 3,1 trilhões), ante 21,6% em 2019.
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Os dez principais produtos sofreram alterações no ranking. Minério de ferro assumiu a liderança com alta de 1,5 ponto percentual e participação de 4,8% na RLV, trocando de lugar com os óleos brutos de petróleo, cuja participação caiu de 3,8% para 3,1%. Carnes de bovinos, que ocupavam a 5ª posição, subiu para 3ª em 2020.
Somados, os dez maiores produtos concentraram 20,9% do valor das vendas em 2020, participação inferior à assinalada em 2019 (21,6%). Frente a 2019, todos os produtos sofreram mudanças de posições, com destaque para minério de ferro, que passou do 2º para o 1º lugar.
As cinco principais atividades concentraram a 54,0% da receita líquida de vendas do setor industrial em 2020, ante 54,2% em 2019. Destaque para o ganho de participação da indústria alimentícia, de 16,6% para 19,3%, e a perda de 2,1 p.p. da indústria automotiva, com 8,1% da RLV e queda da 3ª para 4ª posição.
Em relação ao avanço anual da receita líquida, as indústrias da região Centro-Oeste foram as que mais cresceram em 2020, passando de 4,9% para 7,3%, alta de 2,4 pontos percentuais (p.p.). Na segunda posição desse indicador está a Norte com crescimento de 1,9 p.p. “Entre as grandes regiões, o Sudeste foi a única a perder representatividade na composição da receita líquida de vendas em dez anos, caindo de 60,1% para 53,3%. Em contrapartida, as regiões Centro-Oeste e Norte foram as que mais ganharam em participação, com incremento de 2,4 p.p. e 1,9 p.p., respectivamente”, aponta a gerente de Análise Estrutural, Synthia Santana.
Ainda conforme a gerente de Análise Estrutural, a pandemia provocou a desestruturação de diversas cadeias produtivas, enquanto os indicadores macroeconômicos brasileiros indicaram redução no consumo das famílias, na taxa de investimento e no crédito. Os resultados da PIA Produto refletem os impactos dessa conjuntura de grave crise econômica e sanitária com consequências na demanda e na oferta do setor industrial. “Enquanto alguns setores tiveram paralisação de fábrica e concessão de férias, outros experimentaram um ambiente diferente, especialmente àqueles relacionados às commodities que são ancoradas em preços internacionais. Um exemplo é minério de ferro e grãos, que foram beneficiados durante a pandemia devido à alta dos preços internacionais”, analisa a gerente.
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