O site Mato Grosso Econômico levantou que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 5,5% (73,2 pontos) na comparação com março de 2016 e registrou queda de 28,8% em relação a abril de 2015.
O índice permanece em um nível menor que 100 pontos, ou seja, continua abaixo da zona de indiferença, o que indica uma percepção de insatisfação com a situação atual. Todos os componentes registraram queda na comparação mensal e na anual.
O nível de confiança das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos mostrou queda de 5,9% na comparação mensal; e o daquelas com renda acima de dez salários mínimos, queda de 3,6%. O índice das famílias mais ricas está em 76,5 pontos, e o das demais, em 72,7 pontos. Os índices abertos por faixa de renda também continuam abaixo dos 100 pontos.
Na base de comparação mensal, os dados regionais revelaram que a maior retração ocorreu na região Norte (-11,2%), em que o índice permanece abaixo de 100 pontos, em conjunto com todas as outras regiões. A avaliação menos desfavorável ocorreu na região Sul, com queda de 3,3%.
A baixa mensal do índice foi influenciada pela queda intensa de todos os componentes, que estão nos menores valores das suas séries.
A confiança do consumidor teve aumentos em janeiro e fevereiro deste ano, embora de baixa intensidade, e a dependência de um quadro político e econômico mais estável é importância crescente para melhora desse cenário.
Em março, houve a primeira queda do ano, e nesse mês houve continuidade dessa deterioração. Em fevereiro, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro avançou 1,2% no conceito restrito ante o primeiro mês de 2016 na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC-IBGE). Esse resultado, no entanto, foi insuficiente para repor as perdas do setor verificadas nos últimos meses de dezembro (-2,3%) e janeiro (-1,9%). Além da baixa base comparativa, contribuiu decisivamente para a alta das vendas no mês e o comportamento dos preços na passagem mensal.
Na comparação com o mesmo período de 2015, o volume de vendas aponta para uma acentuação das perdas no primeiro bimestre. Nos meses de janeiro e fevereiro do ano corrente, o varejo registrou recuos de 7,6% no varejo restrito e de 10,1% no ampliado. Ambos os resultados representam os piores desempenhos do varejo em volume de vendas nesse tipo de comparação, em suas respectivas séries históricas.
Mercado de trabalho: Cenário do mercado de trabalho se torna mais adverso
O componente Emprego Atual registrou queda de 2,7% em relação ao mês anterior e queda de 15,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.O percentual de famílias que se sente mais segura em relação ao Emprego Atual é de 30,1% ante 30,7% em março de 2016. Em relação às regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, há as famílias mais confiantes em relação ao Emprego Atual (129,5, 110,8 e 105 pontos, respectivamente), com variações mensais de +0,4%, -1,4% e -2,2%, na ordem respectiva. Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste registraram menor nível de confiança, contabilizando 100,9 e 92,6 pontos, respectivamente. Apesar do enfraquecimento contínuo do componente, o índice geral e os regionais, exceto o do Sudeste, ainda estão acima da zona de indiferença, de 100 pontos.
Consumo: Componentes estão nos menores níveis históricos
O componente Nível de Consumo Atual apresentou queda de 8% em relação ao mês anterior e queda de 38,3% comparativamente ao mesmo período do ano passado. A maior parte das famílias declarou estar com o nível de consumo menor que o do ano passado (62,6%, ante 59,2% em março de 2016). O índice está em 49 pontos.
O elevado custo do crédito, o alto nível de endividamento e o aumento do desemprego são os principais motivadores da deterioração na intenção de compras a prazo. O componente Acesso ao Crédito teve quedas de 3,8% na comparação mensal e de 34,5% em relação a abril de 2015.
O item Momento para Duráveis apresentou queda de 10,1% na comparação mensal. Em elação a 2015, o componente mostrou recuo de 43,6%. O índice segue abaixo da zona de indiferença. A taxa de juros para o consumidor, representada pela taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas e divulgada pelo Banco Central, está em um patamar bastante elevado e no maior valor da série iniciada em março de 2011. A taxa estava em 66,36% ao ano na divulgação referente a janeiro de 2016 e, em fevereiro de 2016, número mais recente, registrou Satisfação com o emprego atual 68,13%. A maior parte das famílias – 74,8%, ante 72,1% em março de 2016 – considera o momento atual desfavorável para aquisição de duráveis.
Por corte de renda, as famílias com renda de até dez salários mínimos registraram queda de 11,0% no quesito Momento para Duráveis na comparação mensal, e as com renda acima de dez salários apresentaram queda de 7,2%. Regionalmente, esse indicador variou de 63,8 pontos (Sul) a 31 pontos (Norte).
Expectativas: Expectativas se deterioraram na comparação mensal e na anual
As famílias mostraram piora nas perspectivas em relação ao mercado de trabalho na comparação mensal, com queda de 6%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o componente apresentou recuo de 15,9%. A maior parte das famílias – 47,1 % – considera negativo o cenário para os próximos seis meses. O índice registrou 96,8 pontos, atingindo, portanto, resultado abaixo da zona de indiferença (de 100 pontos).
O item Perspectiva de Consumo registrou queda de 7,1% em relação a março de 2016. Na comparação anual, o índice apresentou recuo de 39,9%, com 57,2 pontos. Na base de comparação mensal, as famílias com renda até dez salários mínimos mostraram queda de 7,2%; e aquelas com renda acima de dez salários, queda de 6,8%.
Apesar do resultado positivo no curtíssimo prazo da PMC e da perspectiva de uma evolução mais favorável da conjuntura econômica na segunda metade de 2016, especialmente no tocante ao comportamento dos preços, a CNC revisou de -4,2% para -4,5% sua previsão para o volume de vendas no conceito restrito. Igualmente, para o varejo ampliado, a projeção anterior da entidade (- 8,3%) foi revisada para baixo (- 8,8%).
Sobre a Intenção de Consumo das Famílias
A pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é um indicador antecedente que tem como objetivo antecipar o potencial das vendas do comércio. O indicador tem capacidade de medir, com alta precisão, a avaliação que os consumidores fazem dos aspectos importantes da condição de vida de suas famílias, tais como capacidade de consumo atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, condições de crédito, segurança no emprego e qualidade de consumo presente e futuro.
Os resultados da ICF podem ser avaliados sob dois ângulos. O primeiro é o grau de satisfação e insatisfação dos consumidores, por meio de sua dimensão, já que o índice abaixo de 100 pontos indica uma percepção de insatisfação, enquanto o acima de 100 (com limite de 200 pontos) indica o grau de satisfação em termos de seu emprego, renda e capacidade de consumo. O segundo ângulo é o da tendência desse grau de satisfação e insatisfação, por meio das variações mensais da ICF total.
A pesquisa é composta por sete itens. Quatro deles – Emprego Atual, Renda Atual, Compra a Prazo e Nível de Consumo Atual – comparam a expectativa do consumidor em relação a igual período do ano anterior. Os demais itens referem-se a perspectivas de melhoria profissional para os seis meses seguintes, expectativas de consumo para os três meses seguintes e avaliação do momento atual quanto à aquisição de bens duráveis.
Para o comércio, a ICF cumpre um papel altamente relevante, ao fundir as percepções pessoal e familiar, capturando informações em todas as unidades da Federação. Tais informações são obtidas a partir de 18 mil questionários, analisados mensalmente. Outro fator que destaca a ICF ante outros indicadores antecedentes baseados na percepção do consumidor é o seu caráter de curto prazo.
As avaliações do consumidor em relação ao futuro são tomadas em um horizonte que varia de três a seis meses.