Um momento que está sendo muito comemorado pelos produtores: é o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), fechado na última sexta-feira (28) em Bruxelas. Ele representará um marco político e econômico para o Brasil.
O tratado, o maior ambicioso da história do Mercosul, permitirá a eliminação de taxas para mais de 90% das transações entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e 28 países europeus. A previsão de transição é de até 10 anos.
Em nota, o Ministério da Agricultura informou que produtos agrícolas terão suas tarifas eliminadas, como suco de laranja, frutas e café solúvel. Os exportadores brasileiros obterão ampliação do acesso, por meio de quotas, para carnes, açúcar e etanol, entre outros.
Embora o anúncio do acordo gere apreensão em alguns setores da economia, que temem uma avalanche de importações, especialistas projetam que o agronegócio será beneficiado.
— Os produtos agrícolas brasileiros são competitivos, não por acaso esse sempre foi um ponto de resistência dos europeus. Certamente a indústria têm mais motivos para se preocupar do que o setor primário — diz Felippe Serigati, professor da FGV-Agro.
Apesar de ser difícil prever impactos a curto prazo, Serigati afirma que, em um processo de transição, “sempre haverá mortos e feridos”:
— E o agro tende a ser um dos menos feridos, pois seus produtos têm musculatura para competir lá fora, especialmente commodities como carnes de frango e suína.
Independentemente de eventuais perdas no trajeto, especialistas afirmam que o acordo é muito positivo ao Brasil.
— É algo a ser comemorado, pois somos um país fechado, voltado ao mercado interno. Será uma vitória com reflexos futuros — analisa José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil.
Se a expectativa é positiva para grãos e carnes, não é tão animadora entre os setores de lácteos e vinhos, que alegam concorrência desleal, caso os produtos europeus entrem no Mercosul sem taxação.
— Precisaremos de medidas compensatórias, como crédito de longo prazo para investimento do produtor e redução de carga tributária do vinho nacional — indica o diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani.