Levantamento inicial realizado pela Consultoria Datagro, sobre a perspectiva de renda para os sojicultores brasileiros na safra 2022/23, sinaliza mais uma temporada remuneradora, embora possivelmente aquém dos excelentes desempenhos observados nos últimos anos, principalmente nas últimas três safras. Caso a sinalização de lucratividade positiva se concretize, seria o 17º ano consecutivo de avanço na renda da soja no País.
A nova temporada começa a ser plantada no próximo mês, especialmente por meio de variedades precoces em Mato Grosso e no Paraná.
No geral, constata-se que a combinação das variáveis que determinam a lucratividade bruta, definida pela relação entre a receita obtida e o custo de produção, deve pender para o lado positivo para a maior parte dos produtores. A expectativa para este novo ano comercial é de boa produtividade média, bom nível tecnológico, mas, novamente, a região Centro-Sul do Brasil deve enfrentar risco em virtude do fenômeno La Niña.
“Também no lado limitante a percepção de que a safra será plantada com custos de produção muito maiores, incluindo o impacto da forte taxa de câmbio e a guerra na Ucrânia sobre os preços globais dos principais insumos”, pondera Flávio Roberto de França Junior, coordenador de Grãos da Datagro.
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Observa-se forte elevação nos custos operacionais de produção da soja para a safra 2022/23 e, Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul, que estão entre os principais produtores da oleaginosa no País. E este é um ponto importante para a definição da renda desta temporada, por impor limites aos resultados dos sojicultores.
“Lembrando que esses novos aumentos acontecem sobre uma base que já havia sofrido forte expansão na safra passada”, comenta França Junior. “De saldo, a exemplo do ano passado, temos elevada necessidade de gastos com insumos, manutenção de elevada taxa de câmbio na temporada, e também o aumento expressivo nos custos fixos”, complementa.
“A princípio, temos sinalização pendendo para reduções no comparativo com os excepcionais números da safra atual, com indicação de custos de produção bem maiores, cenário um pouco mais conservador de preços domésticos, mas ainda de razoável a boa produtividade média”, diz o coordenador de Grãos.
MILHO NO CENTRO-SUL – Levantamento realizado pela Datagro até o dia 19 deste mês mostra que a colheita do milho de inverno no Centro-Sul do País alcançou 92,0% da área estimada, avanço semanal de apenas 3,7 pontos percentuais devido às chuvas ocorridas em parte da região produtora.
O ritmo continua abaixo apenas dos 94,4% do recorde observado nesse mesmo período em 2019, mas bem superior aos 81,7% em igual momento de 2021 e da média dos últimos cinco anos, de 85,8%.
Os trabalhos devem ser melhores nesta semana, já que a previsão indica clima predominantemente seco no Centro-Sul.
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