Em Mato Grosso, 86% das propriedades rurais têm acesso à internet, porém 89% dos produtores possuem sinal somente na sede das fazendas. A conectividade em toda a propriedade é de apenas 3%. Os dados foram obtidos por meio da pesquisa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), denominada “O perfil do agricultor mato-grossense na era digital” e foram divulgados essa semana. Especialistas apontam que há um desafio especial em implementar tecnologias que podem ser utilizadas em toda a lavoura.
Pesquisa também teve apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Instituto AgriHub. Conforme explicou o superintendente do Imea, Daniel Latorraca, foram entrevistados cerca de 470 produtores de soja e milho em todo o estado. O Mato Grosso Econômico traz para os leitores nessa reportagem especial, como está o panorama tecnológico rural em Mato Grosso, segundo a pesquisa.
“É uma aceleração digital que está ocorrendo dentro do estado. Eu imagino que isso é um movimento nacional”, disse. “Tem projetos para conectividade, projetos para monitorar cada vez melhor o clima, ferramentas que são fundamentais para adoção de novas tecnologias e para o produtor conhecer cada vez mais o metro quadrado da sua propriedade”, complementou.
Ainda, 9 entre 10 entrevistados disseram utilizar smartphones. Apenas 78% têm computadores em suas propriedades. Dentro disso, os produtores rurais de Mato Grosso costumam utilizar aplicativos para ajudar no cultivo. Cerca de 47% são adeptos de plataformas para gestão a propriedade.
Cerca de 22% dos produtores entrevistados, apontaram que começaram a investir nas novas tecnologias com o intuito de manter seus funcionários. Outros 18% disseram ser importante monitorar o estoque da fazenda, outros 17% julgam ser importante monitorar operações agrícolas por meio dos aplicativos tecnológicos.
Com a chegada da pandemia e com as medidas de distanciamento social adotadas para contenção do vírus da Covid-19, compras e vendas de insumos e produtos por meio digital se popularizou entre os produtores. No estado, 35% dos proprietários de terra já compraram insumos pela internet, outros 23% já comercializou sua produção por meio das mesmas ferramentas.
“Com essa pesquisa do perfil a gente tem a chance única nesse momento mundial de elevar a gestão rural a praticamente uma gestão idêntica a uma indústria, com conectividade, com sensores, com novas tecnologias que estão sendo feitas. O produtor pela primeira vez na história tem a mesma capacidade de gestão que uma indústria, mesmo tendo uma indústria a céu aberto”, finalizou o superintendente do Imea.
O perfil do produtor
Em sua grande maioria, o produtor mato-grossense tem entre 36 e 55 anos. São profissionais jovens que, muito provavelmente, de acordo com Latorraca, são a segunda geração na propriedade. Por isso, têm tendência a se adaptar de forma mais fácil às novas tecnologias.
Ainda, maioria dos entrevistados, cerca de 27%, eram proprietários de terras de 1,5 mil a 3 mil hectares. Mais da metade, 56%, têm ensino superior completo. Quanto ao tipo da internet utilizada, 61% é a rádio, 14% via satélite, 5% 4G e 5% 3G.