A mato-grossense Agro Amazônia, que se transformou uma das maiores distribuidoras de insumos do País, assinou um acordo para adquirir a Nativa Agronegócios, empresa que atua no mesmo segmento, na região do Cerrado Mineiro. O valor do negócio, que ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), não foi divulgado.
“É o maior investimento da história da companhia”, afirmou Roberto Motta, CEO da Agro Amazônia. A mato-grossense tem sede na capital, Cuiabá.
Fundada há 39 anos, a rede é controlada pela japonesa Sumitomo Corporation, desde 2015. Conta com 50 lojas em oito estados — Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Pará, Rondônia, Maranhão e Acre — fechou faturamento R$ 3,5 bilhões no exercício 2021 (encerrado em março passado), 45% mais do que no ano-fiscal 2020.
A Agro Amazônia é muito conhecida ainda por figurar entre as melhores empresas do País, no seu segmento, pelo anuário da revista Exame, ‘Melhores e Maiores’, bem como ser citada como uma as melhores empresas para se trabalhar na região.
Com a aquisição, a Companhia passará a atuar não só em uma nova região agrícola, mas também com produtores de culturas que ainda não ‘frequentam’ sua lista de clientes, como os de café, marcantes no Cerrado Mineiro, e de hortifrútis como batata, cenoura e cebola, entre outros.
A Nativa tem oito lojas em Minas Gerais, e também é dona de uma fábrica de fertilizantes especiais e de uma estação experimental.
Aliados à agricultura de precisão, os fertilizantes especiais, fabricados em Ibiá/MG, tendem a fortalecer as soluções de maior valor agregado oferecidas pela empresa, onde o atendimento é “customizado” e as margens são maiores.
E, segundo Motta, a estação experimental da Nativa, em Patos de Minas/MG, será um importante campo de testes para o desenvolvimento de novos insumos e para estreitar o relacionamento com produtores. “Já estamos planejando a abertura de outras estações em polos nos quais já atuamos”, afirmou o executivo.
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A Nativa emprega, no total, cerca de 220 pessoas, e sua aquisição tende a acelerar o ritmo de crescimento da Agro Amazônia, que praticamente já dobrou de tamanho desde o exercício 2019.
O negócio também sedimenta a empresa no grupo de players que nos últimos anos têm atuado como consolidadores no mercado brasileiro de distribuição de insumos agrícolas, como AgroGalaxy, Lavoro, Sinagro, Nutrien e Syngenta, entre outros em expansão. Esses grupos já investiram centenas de milhões de reais em aquisições e, como o segmento continua bastante pulverizado, os aportes certamente ainda vão aumentar.
De acordo com Motta, os insumos agrícolas, voltados, sobretudo, às lavouras de soja, milho e algodão, representaram 83% do faturamento da Agro Amazônia no exercício 2021.
Nessa frente, os defensivos lideram as vendas e responderam por 45% do total, seguidos por fertilizantes (23%), sementes (27%) e nutrição vegetal (5%). Nos negócios de insumos para pecuária — 17% do faturamento em 2021 — os destaques são os herbicidas para pastos, com fatia da ordem de 40%.
Conforme o CEO, tendo em vista a demanda aquecida e os preços mais elevados dos insumos em geral (principalmente depois da invasão russa na Ucrânia, que fez os fertilizantes dispararem), a Agro Amazônia deverá crescer de 40% a 45% neste ano-fiscal 2022, sem contar a aquisição da Nativa Agronegócios, mas com a previsão de inauguração de mais seis ou sete lojas.
“É um ano diferente. Com o aumento de custos com fertilizantes e também com defensivos e sementes, as margens vão diminuir na safra 2022/23 e os produtores não poderão errar. Assim, também estamos ampliando nossos serviços de assessoria aos clientes, ao mesmo tempo em que tornamos mais rígida nossa análise de crédito e a gestão de estoques, porque a tendência é que os preços dos insumos recuem mais para frete”, afirmou Motta.
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